Ao
fazer o balanço do andamento da Comissão Parlamentar Mista do Congresso
(CPMI) que investiga as atividades da organização criminosa comandada
pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em artigo
publicado na Folha em 3 de agosto, o relator deputado Odair Cunha
(PT-MG) disse que estão sendo investigadas 516 contas bancárias
distribuídas por 21 bancos. E que a base de dados envolve um “volume
financeiro que passa de R$ 18 bilhões”.
É um valor elevado. Para saber como anda o trabalho da CPI nessa retomada do processo legislativo depois do recesso, e como seus integrantes estão vendo a continuidade da investigação nos próximos meses, o blog ouviu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. Aqui vai o seu depoimento:
O
que estamos vendo, pela documentação existente, é que se trata de uma
sofisticada organização criminosa que capta dinheiro em atividades
ilícitas, faz esses recursos passarem por atividades lícitas, como é o
caso da empresa de fármacos Vitaplan – mas não só –, e também para
atividades de campanhas políticas.
O que aconteceu foi que essa
organização criminosa, depois que aprendeu a explorar uma fragilidade do
sistema político-eleitoral brasileiro, que é exatamente o financiamento
de campanha eleitoral, tendo criado o vínculo com os políticos a partir
dessa atividade de financiamento das campanhas eleitorais, para
diversos partidos e em diversos estados do país, a organização criminosa
conseguiu capturar contratos de obras e serviços com diferentes
governos, principalmente governos de estados e prefeituras.
É a
primeira vez que temos provas de uma organização criminosa financiando,
de forma regular e contínua, atividades políticas no país. Dessa forma
ela passou a cooptar membros dos poderes legislativos, dos executivos,
do judiciário e da imprensa. E não é algo que ocorra apenas durante as
campanhas eleitorais: os fluxos de recursos são permanentes e se dão ao
longo de todo o tempo.
Sobre o andamento dos trabalhos da CPI
No
momento a CPI está debruçada sobre a tarefa de identificar a
organização criminosa em sua totalidade. Sabemos que ela se baseia
inicialmente no jogo das máquinas de videopôquer. Para essa atividade a
organização conta com a proteção da política, tanto para manter suas
máquinas funcionando como para fechar os pontos dos concorrentes.
Os
próximos passos da CPI estão definidos assim: primeiro, vamos buscar o
desmantelamento da organização criminosa; o segundo passo é tratar da
recuperação dos bens que essa organização criminosa detém, de forma
ilícita; o terceiro passo é identificar todos os agentes públicos
envolvidos que, como eu já disse, atinge os poderes executivo,
legislativo e judiciário em diversos estados da federação. O quarto e
último passo é identificar os veículos de imprensa e jornalistas
envolvidos no esquema. Há órgãos de imprensa envolvidos tanto de alcance
regional quanto nacional. Até outubro pretendemos fazer isso.
(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Blog do Zé Dirceu
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