quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Redução da dívida pública libera recursos para investimentos


Por Francisco A. de Sousa
Não foi manchete em nenhum lugar. Uma mudança importante do Banco Central. Prá onde foi esse dinheiro todo ?
Forte vencimento de títulos faz Dívida Pública Federal cair R$ 94 bilhões em julho22/08/2012 - 15h17
Economia
Wellton Máximo Repórter da Agência Brasil

Brasília – Um forte vencimento de títulos prefixados já previsto pelo governo fez a Dívida Pública Federal (DPF) cair 4,76% em julho e se distanciar da barreira de R$ 2 trilhões. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o estoque da DPF encerrou o mês passado em R$ 1,877 trilhão, contra R$ 1,971 trilhão registrados no fim de junho.
A dívida pública mobiliária (em títulos) interna caiu 4,96%, passando de R$ 1,882 trilhão para R$ 1,788 trilhão. Isso ocorreu porque o Tesouro resgatou R$ 107,40 bilhões em títulos a mais do que emitiu. A alta também foi impulsionada pela incorporação de R$ 14,15 bilhões em taxas de juros.
O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores (que emprestam dinheiro para que o governo possa rolar a dívida) é incorporada gradualmente ao valor devido. No caso de um investidor que comprou um título por R$ 100 com correção de 12% ao ano, ele receberá R$ 964 ao final de 20 anos. Essa diferença é incorporada mês a mês ao total da dívida pública.
O resgate de R$ 2,24 bilhões da dívida pública externa também contribuiu para a queda da DPF. No mês passado, a dívida do governo brasileiro no exterior totalizou R$ 88,41 bilhões, valor 0,72% menor que os R$ 89,05 bilhões registrados em junho. A queda ocorreu mesmo com a alta de 1,41% do dólar, no mês passado.
Como os vencimentos no mês passado se concentraram em títulos prefixados (com juros definidos antecipadamente), a participação desses papéis na dívida interna caiu de 40,59% em junho para 36,89% em julho, interrompendo uma sequência de recordes registrada desde fevereiro. Somente em julho venceram R$ 137 bilhões em títulos prefixados. No entanto, de acordo com o Tesouro, vencimentos expressivos desse tipo de papel são normais no início de cada trimestre.
A fatia dos títulos vinculados a taxas flutuantes, como a Selic (taxa de juros básicos da economia), aumentou de 23,98% para 24,54%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação subiu, passando de 34,37% para 36,71%. Também influenciada pela alta do dólar, a parcela da dívida interna vinculada subiu de 1,07% para 1,86%. Esses números levam em conta as operações de swap pelo Banco Central (BC), que equivalem a operações de compra ou venda de dólar no mercado futuro e têm impacto na dívida pública.
Com taxas definidas com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima, em ciclos de alta dos juros básicos.
Como os títulos que venceram eram, em grande parte, de curto prazo, o prazo médio da DPF melhorou significativamente, aumentando de 3,78 anos em junho para 3,99 anos em julho. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. Essa queda se refletiu na redução da participação dos vencimentos nos próximos 12 meses, que caiu de 28,01% para 26,03%. Prazos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestados recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Blog do Luis Nassif

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