Brasília – A intenção do presidente do Paraguai, Federico Franco, de suspender a venda de energia excedente para o Brasil e a Argentina precisa ser submetida à apreciação e votação do Parlamento paraguaio. O Congresso do país é formado pelo Senado (com 45 parlamentares) e pela Câmara (com 80 integrantes). Segundo o presidente, o assunto é uma questão de soberania nacional. Desde junho, o Paraguai está suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Franco disse que enviará até dezembro um projeto de lei recomendando
a suspensão da venda de excedentes de energia para o Brasil. Uma vez
enviado, o texto será submetido à apreciação dos parlamentares e, depois
votado. Não há prazo para os procedimentos. Em abril de 2013, há
eleições presidenciais no Paraguai. Franco não pode ser candidato à
reeleição pela Constituição do país.
Paralelamente, Franco anunciou que o governo lançará uma campanha de
incentivo para os empresários nacionais e estrangeiros para que
invistam no país. A ideia é incrementar o setor industrial das regiões
de San Pedro e Concepción.
No entanto, a ameaça de Franco de não mais “ceder” energia ao Brasil
não gera transtornos para o governo, segundo o diretor-geral brasileiro
da Usina Hidrelétrica de Itaipu, Jorge Miguel Samek. Segundo ele, a
usina tem regras que definem claramente as formas de compra de energia e
o seu funcionamento.
Samek disse à Agência Brasil que não está “nada preocupado” com o caso.
“Itaipu tem contrato e tratado que estabelecem claramente formas de
compra [de energia] e de funcionamento [da usina]. Eles compram a
energia necessária para o país e o que não consome é comprado pelo
Brasil”.
“Claro que se eles consumirem mais haverá, obviamente, menos energia
para o Brasil. Mas isso requer instalação de novas indústrias e fatores
que levem a um maior consumo. Isso está muito bem consumado no
contrato”, disse Samek.
O diretor de Itaipu acrescentou que teve um encontro muito positivo
com o presidente paraguaio, no último dia 3. Segundo Samek, Franco
visitou as instalações da usina e eles conversaram “muito” quando Franco
indicou que “estava tudo normal”.
A Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída e administrada
conjuntamente pelo Brasil e Paraguai, tem 14 mil megawatts de potência
instalada e atende a cerca de 19% da energia consumida no Brasil e a 91%
do consumo paraguaio. O Tratado de Itaipu, firmado em 1973, estabelece
que cada país tem direito a usar metade da energia gerada pela usina.
Como usa apenas 5% do que teria direito, o Paraguai vende o restante ao
Brasil.
Agência Brasil
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