Brasília - O governo brasileiro enviou um contingente de cerca de 9 mil
militares – equipados com helicópteros de combate, navios-patrulha,
aviões de caça e blindados – para as fronteiras do país com o Paraguai, a
Argentina e o Uruguai. É a chamada Operação Ágata 5, que começou ontem
(6). A previsão é que dure até 30 dias.
"É uma operação de fronteira que tem por objetivo, sobretudo, a
repressão à criminalidade", disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. A
Marinha enviou aproximadamente 30 embarcações para os rios da Bacia do
Prata, entre elas três navios de guerra e um navio-hospital.
A Força Aérea Brasileira (FAB) participa da operação com esquadrões
de caças F5 e Super Tucano, além de aviões-radar e veículos aéreos não
tripulados. O Exército mobilizou infantaria e blindados Urutu e Cascavel
de três divisões. As três Forças usam ainda helicópteros Black Hawk e
Pantera, para transporte de tropas e missões de ataque.
A operação terá ainda o apoio de 30 agências governamentais, entre
elas a Polícia Federal, que elevarão o efetivo total para cerca de 10
mil homens. O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do
Sul, disse que a área crítica de patrulhamento é entre as cidades de Foz
do Iguaçu, no Paraná, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde é maior a
maior incidência de tráfico de drogas e contrabando.
A presidenta Dilma Rousseff ordenou a Amorim a execução da Operação
Ágata 5. "A ação visa a reforçar a presença do Estado na fronteira com a
Bacia do Prata", disse Goellner. Segundo ele, as fronteiras serão
fortemente guarnecidas e como consequência o tráfico de drogas e o
contrabando devem ser "sufocados".
"Os países [vizinhos] podem interpretar que é uma demonstração de
força. [Essa operação] tem um simbolismo, um peso, que pode ser
entendido de outra maneira", disse. Segundo o ministro da Defesa, Celso
Amorim, todos os países da região estão a par das operações. "Todos os
Estados vizinhos foram previamente avisados, informados, e convidados a
enviar observadores [para a operação]", disse Amorim, no 6º Encontro
Nacional da Abed, em São Paulo.
Pelos dados do governo, houve quatro edições da operação em diversas
regiões de fronteira. Amorim lembrou que, em operações anteriores, a
Venezuela e a Colômbia cooperaram com os brasileiros, fazendo ação
semelhante de seu lado da fronteira.
De acordo com Amorim, a diplomacia brasileira criou ao longo dos
anos um processo de integração regional e cooperação militar na América
do Sul – com órgãos como o Conselho de Defesa Sul-Americana, da União de
Nações Sul-Americanas (Unasul) – que resultou em um "cinturão da paz"
em torno do Brasil.
Nas quatro primeiras operações, foram apreendidas mais de 2,3
toneladas de drogas, 302 embarcações irregulares e 59 armas. As Forças
Armadas também dinamitaram quatro pistas de pouso clandestinas e
fecharam oito garimpos e cinco madeireiras ilegais. Também foram
realizados 19 mil atendimentos médicos e 21 mil odontológicos para
populações isoladas ou carentes.
Amorim reiterou ainda que a segurança pública é competência dos
Estados e que a função dos militares é a defesa contra "ameaças
externas". Ele disse porém, que pode haver exceções para essa regra,
"desde que limitadas no tempo e no espaço".
Agência Brasil
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