Em reunião programada para hoje, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e autoridades da área de segurança de São Paulo acertam os detalhes da parceria. A transferência de lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) para presídios de segurança máxima federais - em Mossoró (RN), Cabreúvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO) - e o apoio da Força Nacional de Segurança, com ação nas favelas paulistas, podem ser os pontos iniciais desse trabalho conjunto.
A parceria pode trazer, também, a ocupação (ou "pacificação", como chamam no Rio) de favelas em São Paulo pela Força Nacional de Segurança. Inicialmente da favela Paraisópolis - a imprensa noticiou que o PCC esconde ali criminosos comandantes do tráfico no Rio desde que as favelas de lá começaram a ser ocupadas.
Ocupação de favelas paulistas
O governo federal oferece esta ajuda a São Paulo desde junho pp. e é uma pena que a solução não tenha vindo antes e que o PSDB e o governador politizem a questão, para não reconhecer o fracasso da politica de segurança tucana no Estado - se é que ela existe.
Um editorial publicado pelo Estadão 6ª feira pp. sob o título "Proposta indecente" e notas veiculadas pela Folha de S.Paulo são uma confissão e uma confirmação explícitas dessa politização. No editorial o Estadão posiciona-se contra atuação da Força Nacional em favelas paulistas argumentando que nelas há a presença do poder do Estado e de sua ação, situação diferente das favelas do Rio.
O editorial do Estadão chega a ser ridículo ao estabelecer esta diferença entre as favelas do Rio e de São Paulo, já que as favelas cariocas têm, como em São Paulo, todos os serviços públicos prestados pelo Estado.
A questão é outra. O crime organizado controlava essas favelas e seu território, o mesmo que já acontece em São Paulo em varias regiões da área metropolitana. Sem falar no poder que ele exerce nas penitenciárias do Estado, muitas sobre o controle do PCC.
A politização da questão
Notas publicadas no Folhão reforçam a politização ao explicarem que o governo Alckmin resiste à parceria porque vê a ofensiva do governo federal para ajudar no combate ao crime organizado como tentativa de fragilizar a gestão do PSDB no Estado cuja conquista seria a próxima meta petista.
Além da resistência política à parceria, e de o secretário de segurança pública Antônio Ferreira Pinto ter afirmado várias vezes que a oferta de ajuda da União era "oportunismo barato", também o comandante da PM, coronel Roberval França, fez declarações inoportunas. Numa destas, afirmou que a parceria é desnecessária porque o chefe do Comando Militar do Sudeste, general Ademar da Costa Machado Filho, confia no trabalho da polícia paulista.
A citação é extemporânea e até mesmo ilegal. Quem responde pela segurança é o Ministério da Justiça e não as Forças Armadas. Muito menos um comandante de região. Se é que o comandante da PM não o citou sem autorização. Afinal, responsáveis, cada um por uma área distinta, que tipo de relação eles mantém?
20 anos de fracassos: por que querem continuar no governo?
Como vocês acompanham diariamente, na ausência de uma verdadeira politica de segurança pública que dê respostas a nova realidade do crime organizado, o que salta à vista, também, é o fracasso da politica de extermínio que o governo adotou e a PM colocou em prática.
Infelizmente, como vemos pela reação do governo e de sua mídia, a preocupação central é com a manutenção do poder nas mãos do PSDB. Cabe, então, só uma pergunta: para que depois de 20 anos de governo em que os tucanos fracassaram tão rotundamente em todas as áreas?
(Foto: Renato Araujo/ABr)
Blog do Zé Dirceu
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