Coluna Econômica
Os avanços da gestão pública brasileira puderam ser observados no
sexto balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), divulgado
nesta sexta-feira.
Desde o lançamento do PAC foi montado um sistema de acompanhamento e
avaliação, das obras físicas e do cronograma financeiro, completo,
meticuloso, quando Dilma Rousseff era Ministra-Chefe da Casa Civil.
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Para cada setor – Transportes, Energia, Saneamento – é possível saber
a quantidade de obras executadas, em execução, as que estão dentro do
cronograma, as que estão um pouco ou muito atrasadas.
A partir dessa prestação de contas, cada analista pode tirar suas
conclusões. Os críticos enfatizarão os atrasos e concentrarão a análise
no desembolso orçamentário. Os defensores centrarão a análise no
cronograma físico e explicarão que o pagamento só é liberado depois da
obra concluída.
Mais que isso, com a Câmara de Gestão criou-se um fórum que está
ajudando a tornar eficientes os principais processos internos do
Executivo.
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Onde a roda pega? Na excessiva centralização imposta por Dilma Rousseff à ação de seus Ministros.
Meticulosa, perfeccionista, ela conseguia afinar todos os detalhes
quando focada no PAC. Quando se entra na enorme complexidade do governo
como um todo, o jogo é outro. Não é mais um trabalho exclusivo de
acompanhamento físico de projetos.
É impossível a uma pessoa só, por mais capaz que seja, administrar
todas as áreas, decidir sobre todos os temas, definir todos os
conceitos.
No ano passado houve uma enxurrada de medidas em todas as áreas, o
lançamento de programas em todos os ministérios. Mas só eram liberados
depois da palavra final da presidente, da correção de cada palavra do
projeto. O resultado eram atrasos permanentes. Mais que isso, falta de
comprometimento dos Ministros.
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Racional como é, uma hora a Presidente perceberá que é quimera a
ânsia de manter todos os projetos sob controle. E certamente aprimorará a
forma de gerir o Estado.
O primeiro passo será reforçar a assessoria interna – através de
técnicos alocados na Casa Civil (como era quando Dilma estava lá). Esses
assessores serão olhos e ouvidos da Presidente.
Depois, formar um exército de generais – de Ministros de primeiro
time, não de meros gerentes. Se arranjos políticos impuserem ministros
de menor fôlego, fortaleça-se a Secretaria Executiva com gestores de
confiança. Mas dê-lhes autonomia.
Em cada programa, o papel da Presidente deveria ser comandar as
reuniões iniciais de elaboração do projeto, definir os pontos centrais,
questionar os participantes sobre as maneiras de alcançar os objetivos.
Depois, deixar por conta de cada Ministro, com seus assessores
acompanhando a implementação e reportando os dados a ela. E pau na
moleira de quem não andar na linha ou não atender às expectativas.
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Hoje em dia o papel dos Ministros é tão secundário que Dilma pode se
dar ao luxo de manter peças que não funcionam. Como todos os projetos
atuais são da Presidente, nenhum Ministro se julga com responsabilidade
de prestar contas à sociedade, de defender o projeto e sequer de
responder por seus resultados.
Não se vence uma guerra com um exército de sargentos. Quanto mais
cedo se acordar para essa verdade, mais rápido será o deslanche das
ações de governo.
Blog do Luis Nassif
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