Apesar de união de forças entre opositores, que tentam arrastar disputa para o 2º turno, presidente equatoriano tem ampla vantagem na eleição de hoje; maior estabilidade econômica e limites à cobertura da imprensa garantiram apoio a líder formado nos EUA
Luiz Raatz, enviado especial
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Cerca de 11 milhões de equatorianos vão às urnas neste domingo,
17, para eleger o novo presidente do país. No poder desde 2007, o
esquerdista Rafael Correa, de 49 anos, é o favorito para reeleger-se
para um terceiro mandato, até 2017, quando completaria uma década no
cargo. O desafio de seus sete rivais é somar os votos necessários para
levar a disputa para o segundo turno. Correa precisa de 50% dos votos -
ou 40% com uma diferença de mais de 10 pontos sobre o segundo colocado -
para reeleger-se.
As rígidas regras eleitorais equatorianas, impulsionadas pelo próprio
presidente, restringiram o raio de ação de seus opositores nos 45 dias
de campanha. Além disso, o bom momento da economia equatoriana, aliada a
uma estabilidade política incomum na década que antecedeu a chegada de
Correa ao poder, conferiram ao presidente altos níveis de popularidade,
especialmente entre a população pobre.
A nova lei eleitoral, chamada de Código da Democracia e aprovada pela
Assembleia Nacional no ano passado, determina que a imprensa
equatoriana está impedida de fazer propaganda "direta ou indireta" por
meio de mensagens que "tendam a favor ou contra" um candidato. Na
sexta-feira, os jornais foram proibidos de publicar fotos do último dia
da campanha, sob a justificativa de que as imagens poderiam influenciar
na decisão do eleitor.
"Um segundo turno é improvável, mas não impossível", acredita o
cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino Americana de
Ciências Sociais (Flacso). "As normas eleitorais dificultaram o debate
de ideias e a oposição não conseguiu encontrar uma proposta que
desafiasse Correa, que teve mais exposição na mídia que os rivais."
O economista Walter Spurrier, da publicação online Análisis Semanal,
concorda com essa avaliação. "Os meios de comunicação tiveram medo de
informar livremente. Eles tinham de dar o mesmo espaço para todos os
candidatos, mas o espaço dado às chapas menos relevantes prejudica quem
poderia levar a disputa com Correa para o segundo turno", disse. "A
imprensa limitou-se a informar o dia dos candidatos. Não creio que o
eleitorado tenha podido analisar."
Um levantamento da ONG Participação Ciudadana divulgado na semana
passada mostra que Correa teve três vezes mais tempo nos canais da TV
estatal do que seu principal concorrente, o banqueiro Guillermo Lasso. A
tendência repetiu-se nos jornais e nas rádios, apesar de o presidente
ter tido menos aparições em canais privados que o rival.
Apoio da população
Apesar do comportamento refratário à imprensa, Correa é bem visto
pela população, principalmente por seus investimentos em obras de
infraestrutura e projetos sociais. Durante seu governo, 930 mil pessoas
saíram da pobreza, que caiu 9 pontos porcentuais entre 2006 e 2011. Um
programa similar ao Bolsa Família dá às mães de famílias de baixa renda,
pessoas com deficiência e idosos US$ 50 por mês. Houve investimentos
também em estradas, saúde e educação.
A dona de casa Mercedes Vayas, moradora do bairro de La Michelena,
vai votar em Correa. Mãe solteira, recebe a ajuda mensal do governo.
"Ele fez um bom governo. Tudo mudou depois que ele chegou ao poder",
disse. "Os outros que estiveram no poder nunca fizeram nada. Se não
fosse por ele, não conseguiria criar minha filha."
Completam a lista de principais candidatos o ex-presidente Lúcio
Gutiérrez, que fugiu do país em meio a uma grave crise política em 2005,
o magnata da banana, Alvaro Noboa, que tenta pela quinta vez chegar ao
Palácio de Carondelet, e Alberto Acosta, um antigo colaborador de Correa
que rompeu com o presidente e forjou uma aliança de extrema esquerda
com parte do outrora forte movimento indígena.
Entre os "nanicos" destacam-se o centrista Mauricio Rodas, Norman
Wray - um outro ex-aliado de Correa - e o pastor evangélico Nelson
Zavala, conhecido por suas polêmicas posições homofóbicas e
conservadoras. Ele prometeu, caso seja eleito, impedir os cantores
Madonna e Marilyn Manson de pisar no Equador.
O Estado de São Paulo
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