Lana Cristina e Pedro Peduzzi
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Secretaria Especial de Portos, Leônidas
Cristino, reiterou hoje (26) que o objetivo da Medida Provisória (MP)
595, que estabelecerá as novas regras para o setor portuário, foi
definido a partir de um diagnóstico de baixa eficiência logística no
escoamento da produção e do breve esgotamento da capacidade instalada.
Segundo ele, até 2015, a capacidade dos portos brasileiros não dará
mais conta da demanda, que vem evoluindo a cada ano. Projeta-se uma
movimentação de 373 milhões de toneladas para daqui a dois anos, quando,
hoje, os portos dispõem de capacidade instalada de 370 milhões de
toneladas. Estudando a evolução da movimentação portuária, o governo
estima que o déficit, em 2030, alcançará o montante de 487 milhões de
toneladas.
Com a MP, a tentativa é, segundo o ministro, tornar os portos
públicos, administrados pelo governo federal, mais competitivos, abrindo
frentes de concessão de serviços portuários à iniciativa privada para,
dessa forma, chegar a uma redução dos custos da atividade. Além disso, o
objetivo é ter mais investimentos para o setor.
Números apresentados hoje (26) por Leônidas Cristino e a
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em conversa com
jornalistas, mostram que cada contêiner movimentado no Porto de Santos
tem o custo de US$ 360. Esse valor é 47% maior do que o do Porto de
Roterdã, na Holanda. Em Hamburgo, na Alemanha, o custo da movimentação
de cada contêiner é US$ 273, enquanto em Cingapura fica em US$ 197.
A fim de atrair o interesse de investidores privados no setor, o
governo já vem aplicando recursos nos portos. Foram feitas obras
emergenciais, como dragagens de aprofundamento em mais de 20 portos,
para navios entrarem e saírem mais pesados, com 100% da capacidade, além
da ampliação e sustentação de berços – locais onde os navios atracam. A
expectativa é que o investimento público no setor alcance R$ 6,4
bilhões, sendo R$ 3,8 bilhões destinados à dragagem de aprofundamento
dos canais e também de manutenção. O montante é complementar aos R$ 8,4
bilhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Depois de feita a dragagem, o governo promoverá a licitação e a
empresa vencedora poderá explorar o terminal por dez anos. A manutenção
ficará por conta do vencedor do processo de licitação.
De acordo com Gleisi Hoffmann, outro ponto a ser mudado com a MP é o
excesso de instâncias deliberativas. “Nem sempre descentralizar é
garantir eficiência. Nesse caso [dos portos], integrar é o melhor
caminho”, disse a ministra. Agora, a responsabilidade pelos trâmites
relativos à atividade portuário deixará de ser dos conselhos
regionalizados da autoridade portuária (CAPs) e ficará a cargo da
Secretaria Especial de Portos.
Do
ponto de vista dos portuários, um dos pontos polêmicos da MP é a
possibilidade de serem contratados pelos terminais privados
trabalhadores não registrados ou cadastrados no Órgão Gestor de Mão de
Obra (Ogmo). Na vistão das lideranças sindicais, isso será prejudicial
para a categoria, porque diminuirá os salários.
Apesar de garantir que a proposta não resultará em perdas para os
trabalhadores, o governo acena com a possibilidade de dois novos
benefícios, ainda em fase de estudos: a criação de um seguro, nos moldes
do seguro-desemprego, para garantir uma renda mínima para os avulsos
(trabalhadores contratados para eventuais empreitadas); além da
possibilidade de uma aposentadoria diferenciada. Segundo Gleisi
Hoffmann, ambas as questões estão em análise por técnicos do Ministério
da Previdência e ainda não há previsão da conclusão dos estudos.
A MP 595 está no Senado para votação, onde foi instalada comissão
especial para análise da matéria. Amanhã (27), será a primeira reunião
da comissão, que definirá o cronograma dos trabalhos.
Agência Brasil
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