quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

As negociações para compra de sistema antiaéreo da Rússia

 
Por Assis Ribeiro
Do Estadão

 Acordo prevê transferência de tecnologia para empresas nacionais como a Embraer, Avibrás e Odebrecht Defesa e Tecnologia

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, visita a presidente Dilma Rousseff no dia 20 - e pode sair do Planalto levando debaixo do braço um acordo comercial e militar, envolvendo o fornecimento de três baterias do Pantsir S1, avançado sistema de artilharia antiaérea, e uma joint venture para produzir no País os mísseis Igla-S, a versão mais recente do míssil leve disparado do ombro de um soldado.
O tipo 9K38 tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais resistente à interferência eletrônica de despistamento.
De imediato, seriam compradas duas baterias. A Defesa brasileira já utiliza o Igla da geração anterior. O acordo depende da decisão da presidente. O valor da operação ainda está sendo definido.
Dilma ouviu detalhes da proposta no dia 14 de dezembro, na Rússia. Determinou, então, a formação de um time de técnicos para avaliar o projeto com rapidez. O Ministro da Defesa, Celso Amorim, escolheu o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, para liderar a missão. O grupo, além dos militares, foi integrado por empresas como Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer Defesa e Segurança, Avibrás Aeroespacial, Mectron e Logitech. Pelo governo, participaram analistas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do BNDES e da Agência de Desenvolvimento da Indústria.
A pressa é justificada. A artilharia antiaérea do Exército está superada e boa parte dela, desativada. O principal canhão é o L-70, um projeto com mais de 30 anos, que, embora revitalizado, não resiste à necessidade operacional.
O projeto montado pelo general De Nardi prevê a aquisição de três baterias do Pantsir S1, combinação de mísseis terra-ar com alcance de 20 km e 15 km de altitude, mais dois canhões duplos, de 30 mm. Cada bateria transporta até 12 mísseis 57E6. O radar de detecção atua em um raio de 36,5 km e pode localizar dez alvos por minuto. O sistema eletrônico é redundante, segundo a empresa russa KBP, responsável pelo programa do Pantsir S1. Isso garante que, sob ataque e eventualmente danificado, o conjunto continuaria funcionando com recursos secundários de apoio.
Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército ficará sob controle da 11.ª Brigada de Artilharia Antiaérea. A Marinha deve agregar a sua ao Corpo de Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, ao seu Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa.
"A melhor parte de todo o processo é que os russos aceitaram a demanda brasileira de que haja transferência de tecnologia", diz o general De Nardi. Na prática, significa que todo o equipamento será aberto. Mais que isso: os custos serão reduzidos por meio de certas trocas. Por exemplo, da carreta original feita na Rússia por uma variação do provado veículo blindado nacional da Avibrás.
A rigor, as organizações agregadas à missão receberão tarefas de produção de partes e componentes. Embora a definição dependa da deliberação da presidente Dilma Rousseff, a joint venture para produção final do Igla S/9K38 ficaria a cargo da Odebrecht Defesa, por meio de sua subsidiária Mectron, fabricante de mísseis. Da mesma forma, os radares caberiam à Orbisat, da Embraer Defesa.


Blog do Luis Nassif

Nenhum comentário:

Postar um comentário