Do Estadão
Acordo prevê transferência de tecnologia para empresas nacionais como a Embraer, Avibrás e Odebrecht Defesa e Tecnologia
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, visita a presidente Dilma
Rousseff no dia 20 - e pode sair do Planalto levando debaixo do braço um
acordo comercial e militar, envolvendo o fornecimento de três baterias
do Pantsir S1, avançado sistema de artilharia antiaérea, e uma joint
venture para produzir no País os mísseis Igla-S, a versão mais recente
do míssil leve disparado do ombro de um soldado.
O tipo 9K38 tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries
anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e
é mais resistente à interferência eletrônica de despistamento.
De imediato, seriam compradas duas baterias. A Defesa brasileira já
utiliza o Igla da geração anterior. O acordo depende da decisão da
presidente. O valor da operação ainda está sendo definido.
Dilma ouviu detalhes da proposta no dia 14 de dezembro, na Rússia.
Determinou, então, a formação de um time de técnicos para avaliar o
projeto com rapidez. O Ministro da Defesa, Celso Amorim, escolheu o
chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos
De Nardi, para liderar a missão. O grupo, além dos militares, foi
integrado por empresas como Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer
Defesa e Segurança, Avibrás Aeroespacial, Mectron e Logitech. Pelo
governo, participaram analistas do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, do BNDES e da Agência de Desenvolvimento
da Indústria.
A pressa é justificada. A artilharia antiaérea do Exército está
superada e boa parte dela, desativada. O principal canhão é o L-70, um
projeto com mais de 30 anos, que, embora revitalizado, não resiste à
necessidade operacional.
O projeto montado pelo general De Nardi prevê a aquisição de três
baterias do Pantsir S1, combinação de mísseis terra-ar com alcance de 20
km e 15 km de altitude, mais dois canhões duplos, de 30 mm. Cada
bateria transporta até 12 mísseis 57E6. O radar de detecção atua em um
raio de 36,5 km e pode localizar dez alvos por minuto. O sistema
eletrônico é redundante, segundo a empresa russa KBP, responsável pelo
programa do Pantsir S1. Isso garante que, sob ataque e eventualmente
danificado, o conjunto continuaria funcionando com recursos secundários
de apoio.
Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército
ficará sob controle da 11.ª Brigada de Artilharia Antiaérea. A Marinha
deve agregar a sua ao Corpo de Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, ao
seu Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa.
"A melhor parte de todo o processo é que os russos aceitaram a
demanda brasileira de que haja transferência de tecnologia", diz o
general De Nardi. Na prática, significa que todo o equipamento será
aberto. Mais que isso: os custos serão reduzidos por meio de certas
trocas. Por exemplo, da carreta original feita na Rússia por uma
variação do provado veículo blindado nacional da Avibrás.
A rigor, as organizações agregadas à missão receberão tarefas de
produção de partes e componentes. Embora a definição dependa da
deliberação da presidente Dilma Rousseff, a joint venture para produção
final do Igla S/9K38 ficaria a cargo da Odebrecht Defesa, por meio de
sua subsidiária Mectron, fabricante de mísseis. Da mesma forma, os
radares caberiam à Orbisat, da Embraer Defesa.
Blog do Luis Nassif
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