Alguns dos signatários se sentiram atingidos porque eu disse que abaixo assinados virtuais são, em geral, tocados adiante entusiasmadamente por inocentes úteis.
Lamento, mas é verdade. Isso não quer dizer que cada qual dos
signatários é um inocente útil. Mas a maior parte, a despeito das boas
intenções, certamente é.
Manifestos virtuais são o triunfo da preguiça no mundo moderno. Quem
tem causa genuína vai protestar nas ruas, sob chuva sinistra, sob sol de
torrar, sob ameaça de violência policial.
Nos últimos anos, vimos isso repetidas vezes, numa resposta à
iniquidade ultrajante que tomou o mundo nos últimos trinta anos a partir
de Reagan e Thatcher.
O movimento Ocupe Wall Street é o maior símbolo disso. Os Indignados
da Espanha são outro bom exemplo. As manifestações na Praça Tahrir, no
Egito, derrubaram um ditador, apearam depois do poder militares que
tentaram ocupar o vazio e agora colocam contra a parede uma presidência
demasiadamente movida pela religião.
Protestar é isso.
Assinar petições virtuais é uma demonstração estéril de revolta. Se a revolta é real, ela tem que sair dos celulares e ir para as ruas.
Este é o grande teste.
O que se viu até em protestos virtuais como este contra Renan é que
os irados não parecem dispostos a perder uma tarde ensolarada de sábado
ou domingo para se manifestar.
Um, dois, três milhões de assinaturas obtidas a um simples clique
valem pouco. Melhor: não valem nada. A não ser que saiam do confortável
mundo virtual e enfrentem a aspereza das ruas.
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