30/10/2013
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O preço das passagens aéreas no Brasil aumentou 131,5%
acima da inflação desde 2005, conforme dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A informação será apresentada pelo
presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino,
na reunião marcada para amanhã (31) entre o governo e representantes das
companhias aéreas.
O objetivo do encontro é tentar convencer as empresas de que os
preços cobrados no país são altos demais. “Espero que eles colaborem,
que haja uma compreensão de que se deve explorar o turismo, não os
turistas”, disse Dino à Agência Brasil.
Segundo ele, o desequilíbrio entre demanda e oferta e o aquecimento
do mercado faz com que haja práticas comerciais abusivas - que ficam
mais evidentes no caso das festas de fim de ano e agora da Copa do Mundo
do ano que vem -, sendo verificados aumentos de até 1.000% no preço das
passagens. “Não temos nenhum fator econômico objetivo no que se refere a
custo ou tributação que justifique esse aumento, que é obviamente
abusivo”, acrescentou.
As quatro empresas que operam no Brasil – TAM, Gol, Azul e Avianca –
vão participar da reunião de amanhã, além de representantes da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), da Secretaria de Aviação Civil e do
Ministério da Justiça. Segundo Dino, se as empresas não atenderem ao
“chamado do bom-senso”, é possível que haja mudanças na regulação do
setor, inclusive acabando com a chamada liberdade tarifária. “A
liberdade tarifária não é um dogma, pode ser revista a qualquer tempo.
Esse seria um caminho, voltar a praticar uma administração de preços
como já foi feito no passado”, explicou.
Outra medida para reduzir o preço das passagens no país é ampliar a
oferta mediante a abertura do mercado para empresas estrangeiras fazerem
voos domésticos no Brasil. “Se as empresas atuais não conseguirem ter
práticas adequadas e oferecer bons serviços a preços justos, o mercado
brasileiro é altamente atrativo para outras empresas”. Segundo ele, não é
válido o argumento de que essa ação levaria a uma desnacionalização do
setor, porque as empresas atuais também já não são totalmente nacionais.
Para essa mudança, seria preciso alterar o Código Brasileiro
Aeronáutico.
Os preços da hotelaria também estão na mira da Embratur. Segundo o ranking
que será apresentado na reunião, o Rio de Janeiro aparece em quarto
lugar nas tarifas de lazer, com diária média de US$ 210, atrás apenas de
Miami, Punta Cana e Nova York. “Aí junta passagem aérea, que muitas
vezes também é mais barata. É por isso que o cidadão de classe média
prefere viajar para o México, para Montevideu, por isso que os voos
internacionais estão abarrotados de brasileiros”.
Para a Copa do Mundo, Dino defende que a Fifa e a Match, empresa
suíça escolhida para intermediar as vendas de pacotes de turismo para a
Copa, liberem os quartos que já foram adquiridos nas cidades-sede para
que a oferta aumente e os preços sejam reduzidos. “Constatamos que, além
de eles terem o monopólio, colocaram uma taxa de intermediação de 40%
sobre o valor que estão pagando, que é abusivo. Se não rompermos esse
monopólio, temos uma oferta muito diminuta no mercado”, disse.
Agência Brasil
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