Com candidatura ao Planalto lançada há quase um ano pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
continua reclamando das visitas da presidenta Dilma Rousseff ao seu
Estado, Minas Gerais, que ele considera sua principal base eleitoral,
alavanca para a disputa da eleição nacional do ano que vem.
A presidenta volta a Minas esta semana e agora Aécio faz chegar a
mídia levantamento com o número de viagens da chefe do governo a seu
Estado nos últimos três meses – a média de uma visita a cada 13 dias.
Mas qual o problema? Ele não disse, até em nota oficial na semana
passada, que ela abandonou o Estado? Não foi ele que levantou essa
questão de a presidenta ter nascido em Belo Horizonte e ter vivido boa
parte da vida com marido e filha no Rio Grande do Sul, antes de chegar
ao governo federal?
Com esse procedimento, Aécio se trai. Ele pensa que Minas ainda é uma
capitania hereditária. Da qual ele é donatário, julga. Na verdade, para
provar que está tão bem assim em Minas, a ponto de implicar com
concorrente na eleição de 2014 que vai ao Estado, ele ainda vai ter que
disputar a eleição. Soberano, nas Gerais, é o povo mineiro, e não ele.
Calma, senador, ainda é necessário disputar a eleição…
No fundo isso é medo da concorrente em Minas, principalmente porque
ele sabe que não está tão bem assim quanto propala. A real situação do
senador em Minas está exposta na reportagem “Economia fraca arranha
vitrine de Aécio em Minas”, publicada ontem pela Folha de S.Paulo –
finalmente um jornalão radiografa a situação deixada por ele em Minas
depois de oito anos como governador do Estado (2003-2010).
A reportagem mostra o endividamento do Estado – o maior do Brasil em
termos proporcionais; o fato de ser um dos Estados que menos recebem
investimentos; a falta de grandes obras de infraestrutura; a queda da
qualidade da educação e saúde…
Tudo ao contrário da propaganda tucana. Tudo resultado dos métodos de
governo de Aécio, do seu domínio por cooptação sobre a Assembleia
Legislativa – ele governou por leis delegadas, na prática, por decreto –
do seu controle total sobre a mídia, da censura aos opositores…
Herança de Aécio em Minas deslegitima seu discurso
Enfim, a herança do governador Aécio em Minas é toda uma situação que
deslegitima seu discurso de aparelhamento do Estado pelo PT e de
fisiologismo no Congresso Nacional. A situação e essa radiografia
publicada ontem na Folha de S.Paulo são as provas mais eloquentes e
incontestáveis de que a Minas de Aécio e a Minas pós-Aécio vivem de
propaganda – aliás, Minas é a que mais gasta em publicidade dentre os 27
Estados do país.
É a prova, também, de que Aécio não suporta nem cinco minutos de
debate sobre sua gestão e a de seu sucessor, o governador tucano que ele
elegeu, Antônio Anastasia (PSDB). Apesar dele ser o queridinho da
grande mídia nacional. E que tem toda razão o Sindicato dos Auditores
Fiscais de Minas (SINDIFISCO-MG) quando denuncia que ele quebrou o
Estado em sua passagem pelo Palácio da Liberdade.
Denuncia, aliás, publicada em anúncios pagos nos jornais de outros
Estados, já que Aécio, seus dois governos e o do sucessor censuram a
mídia mineira e impedem que o sindicato publique essas denúncias nela.
Até o processam por causa delas.
Blog do Zé Dirceu
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