Jornalista Suzana Singer condena duramente a
reportagem que acusava o governo federal de entregar residências do
Minha Casa, Minha Vida sem água e sem luz na Bahia; só não havia
eletricidade porque os novos moradores ainda não haviam pedido a ligação
junto à Coelba, empresa de energia do estado; "Bastava ler o "outro
lado" para concluir que a acusação não fazia sentido (...) cabia ao
beneficiário do programa pedir a ligação dos serviços (...) acontece o
mesmo com quem compra um imóvel sem ajuda federal: é a pessoa que,
depois de receber as chaves, aciona o fornecimento de água, luz, gás,
telefone", disse ela; sobre esse erro, Eduardo Guimarães, do Blog da
Cidadania, também publicou uma análise demolidora sobre o que chamou de
"fraude" cometida pelo jornal de Otávio Frias Filho
247 - Um erro
ou uma fraude jornalística? Neste domingo, a jornalista Suzana Singer,
ombudsman da Folha, condena duramente uma reportagem da Folha, publicada
na semana passada, que acusou o governo federal de entregar casas sem
água e sem luz no âmbito do programa "Minha Casa, Minha Vida". Era uma
mentira, uma vez que as ligações estavam disponíveis e só podem ser
ligadas a pedido dos novos moradores – como, aliás, ocorre também na
compra de imóveis de luxo.
"Bastava ler o "outro lado" para
concluir que a acusação não fazia sentido. O Ministério das Cidades
explicou que as casas foram entregues com instalações elétricas e
hidráulicas e que cabia ao beneficiário do programa pedir a ligação dos
serviços às empresas de distribuição do Estado. Acontece
o mesmo com quem compra um imóvel sem ajuda federal: é a pessoa que,
depois de receber as chaves, aciona o fornecimento de água, luz, gás,
telefone", diz Suzana.
Ao se debruçar sobre o tema, Eduardo
Guimarães, titular do Blog da Cidadania e colunista do 247, viu mais do
que um simples erro. Apontou uma "fraude" cometida pelo jornal de
Otávio Frias Filho. "A fraude, porém, cumpriu seu objetivo. No mesmo
dia, na “blogosfera” instalada nos grandes portais, a “denúncia” foi
repercutida exatamente sob o viés que a Folha pretendeu dar – acusando a
presidente de 'inaugurar obra inacabada'", disse ele (leia aqui a íntegra).
Abaixo, o texto de Suzana Singer, que condena duramente a reportagem da Folha:
NO ESCURO E A SECO
A Folha acusou a
presidente Dilma de entregar casas sem água nem luz no interior da
Bahia. O jornal mostrou, na quarta-feira, que parte das moradias
inauguradas em Vitória da Conquista, no programa Minha Casa Minha Vida,
estavam no escuro e a seco. Os moradores usavam velas à noite e enchiam
baldes nas casas dos vizinhos.
Bastava ler o "outro lado" para
concluir que a acusação não fazia sentido. O Ministério das Cidades
explicou que as casas foram entregues com instalações elétricas e
hidráulicas e que cabia ao beneficiário do programa pedir a ligação dos
serviços às empresas de distribuição do Estado.
Acontece o mesmo com quem compra um
imóvel sem ajuda federal: é a pessoa que, depois de receber as chaves,
aciona o fornecimento de água, luz, gás, telefone.
Os casos relatados indicavam que nem
havia um problema exagerado de demora na entrega desses serviços.
Apenas uma dona de casa esperava a instalação de luz havia oito dias,
três a mais que o prazo dado pela companhia elétrica.
Diante das explicações dadas pelo
governo e pelas concessionárias de serviços estaduais, o jornal deveria
ter derrubado a reportagem. Não adianta registrar burocraticamente o
"outro lado", como prega o "Manual da Redação", mas insistir numa
acusação vazia.
A Redação não concorda. "A
informação de que as casas foram entregues sem água nem luz é relevante
por mostrar a pressa com que o governo tem organizado essas
inaugurações, por motivos obviamente eleitorais. O objetivo da
reportagem era mostrar isso e não culpar a presidente pela falta de água
e luz", diz a editoria Poder.
Se era assim, por que o título dizia
"Dilma multiplica viagens e entrega casas sem água e luz"? Em plena
campanha (alguém duvida que já começou?), é preciso ser mais rigoroso
com as denúncias envolvendo qualquer um dos candidatos. Do contrário, o
jornal estará apenas fornecendo matéria-prima para os programas
eleitorais de 2014.
Brasil 247
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