Procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu explicações sobre o engavetamento do pedido de cooperação
internacional feito pela Suíça a respeito do esquema de pagamentos de
propinas a representantes do PSDB pela multinacional Alstom; responsável
pelo caso, procurador Rodrigo de Grandis alegou ter arquivado o pedido
numa pasta errada, numa suposta "falha administrativa"
247 - O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ofício à Secretaria
de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério Público Federal,
nesta terça-feira (29), solicitando esclarecimentos sobre a suposta
demora no cumprimento de pedido de cooperação jurídica no caso Alstom,
que envolve o pagamento de propina pela empresa francesa a quadros
ligados ao PSDB para obter licitações do metrô paulistano. A empresa
também é investigada pelo Ministério Público da Suíça por supostos
crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa de agentes públicos.
Diante da falta de cooperação de
brasileiros, procuradores da Suíça que investigam negócios feitos pela
multinacional com o governo do Estado de São Paulo arquivaram, nesta
semana, as investigações sobre três acusados de distribuir propina a
funcionários públicos e políticos do PSDB. Desde fevereiro de 2011,
pedidos de informações foram feitos aos procuradores do Brasil. Na
solicitação, a Suíça pediu que o MPF brasileiro interrogasse quatro
suspeitos do caso, analisasse sua movimentação financeira no país e
fizesse buscas na casa de João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da
estatal CPTM.
Como o pedido não foi atendido, o
Ministério Público da Suíça informou às autoridades brasileiras que
desistiu de contar com a colaboração do Brasil e decidiu arquivar parte
das suas investigações. Segundo o procurador da República Rodrigo de
Grandis, responsável pelas investigações sobre os negócios da Alstom no
Brasil, houve uma "falha administrativa": o pedido da Suíça foi
arquivado numa pasta errada e isso só foi descoberto anteontem (leia
mais aqui).
O Ministério Público da Suíça havia
pedido que Grandis fizesse buscas na casa de Zaniboni porque ele é
acusado de receber US$ 836 mil (equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom
na Suíça. A procuradoria suíça também pediu que fossem interrogados os
consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José Amaro Pinto Ramos,
suspeitos de atuar como intermediários de pagamento de propina pela
Alstom.
Em nota, o MP aponta falha
administrativa, mas a ação de Janot sinaliza possível investigação pelo
crime de prevaricação (retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal, segundo o código penal).
Confira matéria da Agência Brasil:
PGR quer esclarecimento sobre caso da Alstom
André Richter
Reporter da Agência Brasil
Reporter da Agência Brasil
Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou
hoje (29) que o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF) esclareça
a falha que impediu a tomada de depoimento de três envolvidos em
suposta fraude em licitação do Metrô de São Paulo e pagamento de propina
pela empresa francesa Alstom. Os depoimentos foram solicitados pelo
Ministério Público da Suíça, que também investiga o caso.
Janot informou que determinou à Secretaria de Cooperação Jurídica
Internacional do Ministério Público Federal (MPF) "o esclarecimento
sobre a suposta demora” para cumprir o pedido do MP suíço para que fosse
investigada a movimentação financeira dos acusados. Para auxiliar a
investigação, o MPF assinou um acordo de cooperação para análise do caso
envolvendo a Alstom.
Em reportagem publicada no último dia 26, o jornal Folha de S.Paulo
diz que o Ministério Público suíço arquivou o processo contra os
investigados pelo fato de o MPF em São Paulo não ter atendido o pedido,
feito em 2011.
A Procuradoria-Geral da República informou que ainda não recebeu comunicação formal sobre o arquivamento.
Em nota divulgada ontem (28), o Ministério Público Federal em São
Paulo disse que houve uma falha administrativa. “Segundo apurado até o
momento, em razão de uma falha administrativa, um pedido suplementar de
diligências enviado pelas autoridades suíças em 2011, deixou de ser
atendido até o momento uma vez que foi arquivado erroneamente em uma
pasta de documentos auxiliares, quando deveria ser juntado ao processo
de cooperação internacional principal”, alegou o órgão.
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário