Governador de São Paulo aproveita Dia do Médico
para lançar programa que pretende bonificar médicos que forem trabalhar
na periferia; ideia se assemelha ao Mais Médicos, do governo federal,
programa que deu visibilidade e tônus eleitoral para Alexandre Padilha,
adversário do tucano na disputa de 2014; no entanto, ao que parece,
proposta foi apresentada antes do tempo, porque não houve qualquer
explicação mais detalhada de como será o projeto; Alckmin disse apenas
que dará um bônus a médicos que aceitem atuar na periferia
Sarah Fernandes, da Rede Brasil Atual
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou hoje
(18), em entrevista coletiva na capital paulista, que médicos e
profissionais da saúde que optarem por trabalhar em hospitais de difícil
acesso receberão uma bonificação, nos moldes do Mais Médicos – programa
federal encabeçado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, provável
candidato do PT ao governo paulista. Ele não soube dizer, no entanto, de
quanto serão essas bonificações e quando elas começarão a ser pagas.
“Isto está sendo definido pela Secretaria de Gestão. Vamos mandar o
projeto para a Assembleia legislativa nos próximos dias”, disse Alckmin,
no Dia do Médico, data que este ano desperta mais atenção justamente
pelo debate suscitado pelo programa federal, que, segundo pesquisas de
opinião, tem apoio da população, e se respalda na visão de que a saúde é
vista como o serviço público mais problemático.
“Criamos uma gratificação de acessibilidade. Onde há dificuldade de
contratar médicos vamos ter gratificação, por exemplo, em Ferraz de
Vasconcelos, Sapopemba e Guaianases. Serão escolhidos provavelmente 15
hospitais onde temos mais dificuldade.”
O secretário de Saúde, David Uip, afirmou que a medida não tem
relação com o programa Mais Médicos, do governo federal. “O nosso
programa é o jeito que o governo do estado entende que tem que tratar os
profissionais da área da saúde, com concurso público, salário digno e
encargos trabalhistas”, afirmou, sem explicar por que, apesar de há
quase duas décadas no comando do Palácio dos Bandeirantes, o PSDB até
agora não havia anunciado nada parecido.
Segundo ele, as bonificações por distância são um aprimoramento da
lei de cargo e cargos e carreiras na área da saúde no estado de São
Paulo, de janeiro deste ano, “antes de qualquer outra medida”.
A legislação cria três classes para a carreira dos médicos: a
primeira voltada para os iniciantes, a segunda para quem já trabalha há
pelo menos cinco anos na saúde pública e a terceira para quem já soma
mais de 10 anos de serviço. Segundo o secretário, se somadas a
bonificação por tempo de trabalho com a de distância, o salário do
médico pode chegar a R$ 20 mil.
Profissionais e estudantes
O governador sancionou hoje, durante um
evento do Hospital do Coração, a Lei Complementar n º 1.212, que
regulamenta a jornada de trabalho dos servidores administrativos da
Secretaria de Saúde.
Com ela, os 22 mil servidores deverão escolher se farão jornada de 30
horas ou 40 horas semanais, sendo que os que optarem pela primeira
permanecerão com o mesmo salário e os que preferirem a segunda opção
terão um acréscimo de 25% no salário.
A ideia é padronizar as jornadas de trabalho e estabelecer
proporcionalidade entre os salários. “Acredito que a maioria dos
técnicos vai optar pelas 40 horas e isso será um grande avanço em
pessoal e recursos humanos”, afirmou Alckmin.
O governador anunciou ainda a criação de 600 vagas para residência
médica, também sem prazos. Metade delas será oferecida em hospitais
universitários e na rede estadual e a outra metade em hospitais nas
periferias da região metropolitana e do interior do estado e em
instituições filantrópicas da área da saúde – o Mais Médicos também
prevê o oferecimento de mais vagas de residência, em lugares hoje não
atendidos, e o aumento na formação de profissionais médicos.
“As vagas serão criadas nas áreas onde mais faltam profissionais:
pediatra, neonatologista, anestesista, ortopedista, clinica médica e
urgência”, afirmou o tucano. “Esse será é o grande salto de qualidade.
Foram criadas muitas faculdades de medicina, mas sem residência.”
Segundo ele, atualmente o governo oferece 5.534 vagas de residência, que
passarão para 6.134.
Durante o evento, Alckmin inaugurou o novo Centro de Pesquisas e a
nova Biblioteca do Hospital do Coração. As obras somaram investimento de
R$ 4,7 milhões da Fapesp, Fundação Zerbini e da Secretaria de Energia
do Estado de São Paulo.
Brasil 247
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