Precisa
cobrar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que ele aponte algum
resultado – um só, que seja – da “rigorosa” investigação que ele,
através da Corregedoria e da Controladoria Geral do Estado diz fazer há
meses sobre a questão do cartel montado por multinacionais em conluio
com governos tucanos paulistas na área dos transportes públicos.
Eu cobro quase diariamente. Porque ninguém aguenta mais o governador
repetindo esses chavões, esses mantras que não passam de enrolação.
Nesta 5ª feira ele repetiu que a corregedoria e a controladoria do
Estado têm a recomendação de investigar, “doa a quem doer”, a informação
de que a Alstom contratou um lobista (investigado pelo Ministério
Público) para obter êxito em licitações milionárias do Metrô paulistano e
da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
“Pode ser funcionário, ex-funcionário, quem for. O que recomendamos é
investigação rigorosa, não um vazamento seletivo”, afirmou o
governador. O jornal O Estado de S.Paulo deu matéria antes, a Folha de
S.Paulo dá hoje, segundo as quais o presidente da Alstom no Brasil em
2004, José Luiz Alquéres, recomendou “enfaticamente” a diretores da
empresa que recorressem ao lobista Arthur Gomes Teixeira para ganhar
projetos em concorrências na área de transportes no Estado.
Onde atuou e como foi a montagem do cartel, em detalhes
Um dos empreendimentos citados por Alquéres, de acordo com os
jornais, foi mesmo vencido por um consórcio liderado pela Alstom, em
2005. À época, o governador era o próprio Alckmin. Mas ele saiu pela
tangente ontem, dizendo que não tomou providência nenhuma porque não
soube à época e que a denúncia da existência do cartel só foi feita há
14 meses (!!!).
“Infelizmente você tem setores oligopolizados, você tem pouca
disputa”, lamuriou-se. Arthur Gomes Teixeira é investigado pelo
Ministério Público por envolvimento num esquema de pagamento de
propinas. Em 2009 ele teve os sigilos bancário e fiscal quebrados pela
Justiça em ação apresentada pelo promotor Silvio Marques, do Ministério
Público Estadual (MPE).
No e-mail transcrito em matérias da mídia, o presidente da Alstom,
José Luiz Alquéres, diz ter um “longo histórico de cooperação com as
autoridades do Estado de São Paulo” e que “apoiou pessoalmente amigos
políticos no governo”. Nesta 5ª feira, o governador Alckmin admitiu que,
apesar de não ter intimidade com o ex-presidente da Alstom no Brasil,
“obviamente o conhecia”.
O e-mail diz ainda que Alckmin também participou das negociações que
permitiram a reabertura da Mafersa (empresa de material ferroviário)
como Alstom Lapa. O governador confirmou e se justificou dizendo ser
“dever do Estado trabalhar para evitar o fechamento de empresas”.
Tudo numa mesma direção: cartel se formou em conluio com tucanos
Assim, além dos indícios, há nomes de pessoas, de funcionários, de
gente ligada a negócios com o Estado, tudo apurado pela imprensa, pelo
Ministério Público, nada por Alckmin, mas tudo levando na mesma direção:
a responsabilidade e o conhecimento dos governos tucanos na formação do
Cartel e a participação direta e ativa de vários de seus membros e
mesmo de governadores como no caso da Mafersa.
Enquanto isso o transporte de trens e metrô metropolitanos sob
responsabilidade do governo tucano não funciona. Pelo contrário, o
apagão nos transportes públicos paulistanos e paulista cresce a todo
vapor. Ontem uma falha no sistema do bilhete único impediu milhares de
passageiros de usarem o cartão em estações do Metrô de São Paulo.
A pane começou logo na abertura do sistema metroviário, às 4h40, e
agravou a superlotação da rede, levando à formação de filas enormes para
entrar em algumas estações, como na de Artur Alvim, na Linha
3-Vermelha, na zona leste. Outras linhas atingidas pelo problema foram a
1-Azul e a 5-Lilás. Para agilizar o acesso dos usuários, a empresa
abriu as catracas para as pessoas que não estavam conseguindo passar com
o bilhete único. Só quatro horas depois, às 8:40, a situação foi
totalmente normalizada normalizada no sistema.
Blog do Zé Dirceu
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