Com resultado do leilão de Libra e sanção do
programa Mais Médicos, entre a segunda-feira 21 e a terça 22, presidente
consolida superação dos tempos difíceis inaugurados com as
manifestações populares de junho; capazes de acuar qualquer governo,
tiveram efeito contrário na gestão de Dima Rousseff; como um bom
combustível, levaram o governo a atingir maiores velocidades; quatro
meses depois, presidente cumpre promessas de dedicar verbas bilionárias
para o setor de mobilidade urbana e coloca suas prioridades em campo; de
quebra, apesar de todas as mexidas no cenário partidário, consegue
manter no Congresso a base aliada unida; não é pouco
247 – Ao lado da reportagem de 247, o
ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa assistiu da calçada
milhares de estudantes cruzarem a avenida Faria Lima, em São Paulo, com
cartazes de protesto nos quais sobravam críticas ao governo federal.
Corria o mês de junho, e Barbosa se divertia francamente:
- Isso vai crescer, comentou o diplomata diretamente identificado com
o núcleo dos tucanos paulistas ligado ao ex-presidente Fernando
Henrique.
De fato, as manifestações cresceram, tomara o país, mas, quatro meses
depois, não há motivos em particular para que os tucanos e toda a
oposição ao governo continuem a sorrir. O problema, para eles, é que a
chamada voz das ruas, na prática, serviu de combustível para dar rumo a
um governo que parecia abatido por críticas de vários níveis, do
administrativo ao ideológico.
Ainda na primeira semana dos protestos, a presidente Dilma Rousseff
chamou para dentro do Palácio do Planalto os jovens do Movimento Passe
Livre, que lideraram as primeiras marchas nas maiores cidades do país.
Prometeu-lhes dar prioridade à solução de complexas questões de
mobilidade urbana, fazendo o que estava ao seu alcance: pediu aos
prefeitos das principais cidades para revogarem os aumentos nas
passagens de ônibus e dedicando verbas para projetos que considerasse
adequados para este fim.
A surpresa, diante do padrão histórico dos políticos brasileiros, foi
que Dilma cumpriu à risca o que prometera. Só para São Paulo, semanas
depois, soltou mais de R$ 3 bilhões em recursos, que estão permitindo ao
prefeito Fernando Haddad abrir centenas de quilômetros de corredores de
ônibus, que aumentam o fluxo do trânsito na maior cidade do país.
Outras capitais igualmente receberam verbas pesadas, tocando obras à
vista da população.
OXIGÊNIO PARA PRIORIDADES - Por este e outros
fatores, para os quais até a violência dos black blocs contribuiu, o
certo é que as manifestações foram perdendo fôlego – e Dilma começou a
voltar a respirar mais livremente. O sopro de oxigênio foi usado por ela
na busca de outras duas prioridades. Na típica luta no estilo 'contra
tudo e contra todos', a presidente lançou, aprovou no Congresso e acaba
de sancionar, na terça-feira 22, o programa Mais Médicos. Inédito do
País, ele já resulta na chegada e mais de dois mil médicos estrangeiros
aos rincões do Brasil. Sob a oposição de entidades médicas, e contra
muitos prognósticos, eles já estão em seus postos e, neste momento, o
governo já saboreia pesquisas que mostram altos índices de aprovação
para o programa.
Dilma, no entanto, tinha ainda uma prioridade. Disposta a continuar
injetando recursos públicos para não deixar a economia esmorecer, apesar
de toda a crise internacional, ela apostou no leilão do campo de Libra,
colocando sob martelo a maior jazida de petróleo até hoje conhecida no
Brasil. Outra vez, a turma do 'vai dar errado' fez coro em todas as
frentes possíveis, especialmente na mídia tradicional. E outra vez, como
se viu na segunda-feira 21, o 'quanto pior melhor' perdeu suas apostas.
No consórcio Petrobras-Shell-Total-CNOOC-CNPC, que pagará um bônus de
R$ 15 bilhões à União para explorar o pré-sal naquela faixa, Dilma
colheu outra vitória que seus adversários não esperavam. Além de rechear
os cofres da União, conseguiu, pelo impacto do resultado, dar nova dose
de ânimo na economia, garantindo, na prática, uma virada de ano sem
sobressaltos.
Por esses motivos, a presidente experimenta, neste exato momento,
seus maiores índices de popularidade. Dilma, que muitos julgaram
derrotada pelas ruas no pós-manifestações de junho, retirou de sua
cartola soluções que a população, a julgar pelos números, aguardava. O
resumo da ópera que é que, de fraca, a presidente tornou-se a peça mais
forte do tabuleiro político, chegando a obter resultados em pesquisas
que a apontam como reeleita, em 2014, já no primeiro turno, em todos os
cenários.
E no início da gestão, dizia-se que a presidente não sabia fazer política...
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário