O fato de ter sido o primeiro, e praticamente o único candidato,
ainda no início da disputa para o 1º turno, a fazer um programa de
governo, prova que Fernando Haddad (PT e partidos aliados) gostaria de
ter conduzido a campanha eleitoral com a discussão de propostas e
programas para a capital paulista. José Serra (PSDB-DEM-PSD-PV), por
exemplo, só esta semana apresentou seu programa, um amontoado de clichês
cuja execução depende do governo do Estado.
Pena que Haddad não
tenha conseguido focar a campanha nisso, porque está sendo obrigado a
mostrar ao eleitorado diariamente que o adversário José, auxiliado por
seus principais aliados como o pastor evangélico Silas Malafaia, desviou
a discussão, principalmente agora no 2º turno, para uma cruzada de
intolerância contra os homossexuais.
Exemplo disso se viu ontem,
quando Haddad foi obrigado a rebater a campanha preconceituosa e
discriminatória de José, a responder sobre ela, e a reconhecer que
oadversário tucano, "indiretamente" instiga a intolerância contra
homossexuais.
Em
caminhada pelo bairro da Lapa (Zona Oeste da capital) nesta 3ª feira
(ontem), Haddad precisou aobrdar, de novo, as críticas do adversário
tucano ao kit anti-homofobia - que José e aliados denominaram de kit gay
- que o Ministério da Educação começou a elaborar. "O que o Serra faz
não se deve fazer na política. Quando você desinforma, você cria uma
nuvem de insegurança nas pessoas que é própria de quem quer promover
esse tipo de preconceito", alertou haddad.
O próprio candidato
tucano reconheceu ontem que faz da intolerância, do preconceito e do
atraso o principal mote de suas campanhas. Esse tipo de reconhecimento é
raro em José que centra suas campanhas em temas que nada tem a ver com a
administração, em questões de princípio e convicções como o aborto, ou
de genero, agora, mas diz que não foi ele, que a mídia ou "os
brasileiros" é que introduzem essa discussão.
Ontem ele
reconheceu que sua cruzada de agora contra os homossexuais lembra o caso
do aborto na eleição presidencial de 2010."O que aconteceu em 2010? A
Dilma deu uma entrevista para o UOL e Folha e disse que era a favor do
aborto. Mais adiante, na campanha, disse que era contra. A Marina Silva
(candidata presidencial do PV naquele ano) cobrou a Dilma e eu cobrei a
incoerência. Não entrei na posição. O que o pessoal petista espalhou?
Que era uma campanha conservadora e alguns jornalistas, caso do Kennedy
(Kennedy Alencar, que o entrevistava), pescaram isso."
Como
vocês vêem, tentou explicar o inexplicável. Diante de tanta
incoerência, Haddad criticou o rival por ter se recusado, em uma
tumultuada entrevista à rádio CBN, a assinar um novo documento
prometendo, se eleito, permanecer no cargo durante os quatro anos de
mandato.
Os jornalistas estão no seu papel ao cobrar de José essa
assinatura, mas no caso dele não adianta nada, porque assinou
compromisso semelhante em 2004, quando se elegeu prefeito, e abandonou a
prefeitura 16 meses após a posse para concorrer ao governo do Estado.
Ao
recusar-se a assumir novo compromisso de cumprimento de um mandato até o
fim "ele falou que aquele documento que assinou virou uma palhaçada",
observou Haddad. "Nenhum documento que eu assinei na vida virou uma
palhaçada, porque eu costumo cumprir com a minha palavra."
A
propaganda do candidato do PT no rádio e TV nesta 3ª feira teve a
participação do presidente Lula. "Haddad está sendo atacado com um monte
de mentiras", disse o ex-chefe do governo, para quem os tucanos acham
que o "povo é ingênuo". Cairão do cavalo, porque o povo não é.
Blog do Zé Dirceu
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