Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília
– Entidades da sociedade civil organizada apresentaram hoje (17), na
Câmara dos Deputados, em evento com deputados e senadores, um conjunto
de propostas para reforma do sistema político do país. Entre as
alterações sugeridas estão ampliar a participação direta da população
nas decisões legislativas e instituir o financiamento público de
campanhas.
As propostas são parte de um projeto de lei de iniciativa popular para o
qual essas entidades recolhem, há seis meses, assinaturas de adesão em
vários estados. As organizações estão associadas por meio da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.
Da mesma forma que na tramitação do projeto que resultou na Lei da
Ficha Limpa, a iniciativa necessita de 1,5 milhão de apoios populares.
Cartilha do movimento apresentada aos parlamentares explica que a
plataforma “é uma articulação de várias organizações, movimentos, fóruns
e redes sociais que, desde 2005, vêm questionando mais sistematicamente
a democracia brasileira, o modo tradicional de fazer política e as
interdições ao direito à participação de toda a sociedade”.
A redução do número de apoios para apresentação dos projetos de lei de
iniciativa popular é uma das principais propostas. O movimento quer
ainda prioridade da tramitação no Congresso para essas matérias. Além
disso, qualquer mudança em projeto popular só poderia ocorrer por
referendo.Visando a estimular a coleta das assinaturas, os
representantes do movimento também estão divulgando suas propostas por
meio de vídeos.
“A proposta de reforma política vai, no nosso entender, além do
sistema eleitoral. Uma reforma política amplia o espaço de participação
pela democracia direta, por exemplo, com o aumento de referendos e
plebiscitos”, disse o representante do Instituto de Estudos
Socioeconômicos (Inesc), José Antônio Moroni.
Na proposta de reforma política, além da redução do número de
apoios, está prevista ainda a simplificação do processo de coleta de
assinaturas para a apresentação de projetos de lei de iniciativa
popular. Para isso, seria permitida a adesão por formulário impresso,
urna eletrônica e assinatura digital pela internet. Os apoiadores seriam
identificados pelo nome completo, data de nascimento e município em que
vota.
Para aumentar a participação popular na vida política do país, a
sociedade também teria que se manifestar obrigatoriamente por
plebiscitos e referendos sempre que propostas legislativas alterassem
temas específicos, a exemplo da criação, incorporação, fusão e
desmembramento de estados e municípios, além de criação de territórios
federais.
Projetos ou resoluções de aumento de salários e benefícios dos
parlamentares, ministros de governo, presidente da República e ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF), pela proposta dos movimentos
sociais, também dependeriam de autorização popular. Outro assunto que
passaria a depender de plebiscito ou referendo são os acordos de livre
comércio.
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) defendeu o aperfeiçoamento dos
instrumentos da democracia representativa. Ela destacou, por exemplo, a
redução do número de apoio popular exigido atualmente para que a
sociedade apresente um projeto de lei. Jô Moraes disse que esse número
poderia ser reduzido de 1,5 milhão para 500 mil assinaturas.
“Os movimentos sociais têm que entender que não podem se afastar do
processo político, que não é só pressão”, acrescentou a deputada. Ela
considerou importante o fato de os representantes dos movimentos sociais
terem promovido o lançamento da cartilha explicativa da proposta na
Câmara dos Deputados.
Agência Brasil
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