Segundo diretor do Diap, sensação de 'bem-estar' da
população prevaleceu sobre denúncias e tornou vitoriosos partidos da
base aliada
São Paulo – O
resultado das eleições municipais, ao contrário do que se dizia,
fortalece o projeto "Dilma 2014", avalia o analista político Antônio
Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar (Diap). “Não resta dúvida de que os
partidos da base foram vitoriosos”, afirmou. De 50 cidades com
segundo turno, ele estima que 75% elegeram candidatos ligados à base
aliada do governo. Queiroz acredita que a sensação de “bem-estar” da
população, sustentada por crescimento do emprego e da renda, além
de políticas públicas, prevaleceu sobre as denúncias contidas no
julgamento do chamado mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
“É claro que se não
houvesse a denúncia do mensalão o PT teria crescido muito mais. Mas
entre uma acusação ético-moral e uma sensação de bem-estar, o
eleitor prefere racionalmente optar pela segunda tese. Até porque
quem está acusando o PT pratica algo muito parecido”, afirma o
analista do Diap.
Nesse sentido, ele
considera o PT vitorioso política e eleitoralmente. “Politicamente
porque enfrentou uma campanha dos meios de comunicação com o
objetivo de carimbar o partido como corrupto. É uma vitória
indiscutível. Voltou à condição de partido mais votado na eleição
municipal. Mesmo perdendo em Belo Horizonte, criou uma alternativa
importante para o governo de Minas. A meu ver, cometeu seu principal
erro em Recife, onde tinha a eleição garantida, mas que dependia de
aliança (com o PSB). O mesmo ocorreu em certa medida em Fortaleza,
onde disputou razoavelmente bem.” Queiroz atribui a derrota em
Salvador muito mais a uma avaliação negativa do governo estadual,
petista, do que a uma reedição do “carlismo”.
“A oposição
decresceu em número de votos e prefeituras. E a base do governo
aumentou”, prossegue o analista. “O núcleo estratégico do
governo federal cresceu em número de votos”, acrescentou,
citando PT, PSB, PCdoB e PDT. “Até o Psol, que faz uma oposição
à esquerda, cresceu. Todos os demais – de oposição ou de uma
situação mais conservadora – regrediram.” Ele considera o PSD a
surpresa desta eleição, embora com muita concentração no Sul.
Segundo o diretor do
Diap, alguns indicadores sociais podem ter sido determinantes nesta
eleição, como o crescimento do emprego, “que não se justifica
frente ao crescimento do PIB” e o aumento da renda. “Mas o
governo tem outras políticas de inclusão social que fazem com que
haja uma situação de bem-estar. Os acordos salariais tiveram ganhos
reais. E houve ganhos com a redução dos juros.”
Ele considera que o
setor “mais atrasado” adotou um discurso na tentativa de
desqualificar o PT e tirá-lo da disputa, já pensando em 2014. O
PSB, “ainda em fase de consolidação”, deve permanecer como
aliado do PT na eleição presidencial. Para o PMDB, partido que
diminuiu o número do prefeituras, mas continua como o de maior
capilaridade, a alternativa mais viável seria também continuar com
o governo, em vez de se arriscar em uma aliança com o PSDB. Quanto a
Serra, o analista acredita que ele poderia no máximo almejar uma
vaga no Senado. A candidatura ao Planalto “vai muito provavelmente
cair no colo do Aécio (Neves), que não vai ter facilidade se o
governo continuar bem avaliado”.
Rede Brasil Atual
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