A ex-senadora está em todas; nesta quarta, há
entrevistas dela na Folha, no Globo e no Estadão; nelas, Marina
transmite a ideia de que, sem seu ato triunfal do último fim de semana, a
democracia brasileira estaria seriamente ameaçada; antes, já afirmara
que chegou para combater o "chavismo", coisa que não há no Brasil, e
afirmou ainda que a Rede é o primeiro partido político clandestino na
democracia, quando se trata apenas de uma legenda impugnada pela
incompetência dos seus dirigentes na coleta de assinaturas; Marina pode
falar à vontade, até para que não diga que seu direito de expressão está
sendo cerceado; mas, aos editores, caberia lembrar que, no quadro
atual, ela está fora do jogo e é, no máximo, uma vice de luxo
247 - Marina Silva fala muito. Fala pelos cotovelos. Nesta quarta, há entrevistas dela na Folha (leia aqui), no Estadão (leia aqui) e no Globo (leia aqui).
Em todas essas três entrevistas, Marina Silva criou constrangimentos
para o governador pernambucano Eduardo Campos, que preside o PSB,
partido ao qual ela se filiou.
Na Folha, Marina se colocou como candidata à presidência, negando o
que havia dito no próprio sábado, quando o pacto Rede-PSB foi anunciado.
No Globo, contestou alianças pragmáticas de Campos e disse que "não há
lugar para inimigos históricos" em seu partido, referindo-se a Ronaldo
Caiado, (DEM-GO) como se o PSB já fosse dela.
No Estado de S. Paulo, mais grave ainda, confirmou ter dito que seu movimento visava combater o "chavismo" do PT. "Quando
me referi à ideia do chavismo foi no espaço do comportamento político,
de que não possa prosperar outra força política", disse ela.
Ora, mas que chavismo é esse, se Lula não alterou as regras
eleitorais para perseguir um terceiro mandato e Dilma Rousseff é apenas
uma candidata que concorre ao direito legítimo da reeleição? Será que
Eduardo Campos corrobora a análise de Marina?
Era de se esperar que, tendo renunciado à candidatura presidencial,
Marina começasse a trabalhar a favor de seu novo aliado, Eduardo Campos,
e não contra.
Mas quando contesta alianças, que visam fortalecer palanques
regionais, se coloca como candidata e denuncia um inexistente chavismo
no Brasil, Marina joga contra o próprio time.
Mais estranha ainda é sua postura messiânica, de quem se coloca como
redentora da democracia no Brasil, que, até onde se enxerga, não está
ameaçada. Sobre sua filiação ao PSB, Marina disse que a fez em "legítima
defesa". Ora, mas defesa de que se a Rede só não foi viabilizada porque
Marina não conseguiu recolher as assinaturas exigidas por lei?
E não adianta dizer que se trata do primeiro partido clandestino em
plena democracia, como
Marina afirmou no último sábado. Trata-se apenas
de uma tendência incubada no PSB - uma tendência estridente, diga-se de
passagem - que não atingiu o status de partido porque faltou competência
a seus dirigentes, muito embora não tenha faltado apoio midiático e
financeiro à empreitada.
Marina pode e deve falar à vontade. Até porque, caso não fale, dirá que seu direito à livre manifestação está sendo cerceado.
Mas, passada a festa do casamento, caberia, agora, aos editores dos
grandes veículos de comunicação despertar para um fato óbvio. No quadro
atual, Marina está fora do jogo. É, no máximo, candidata a vice - a
menos que consiga derrotar por dentro o aliado Eduardo Campos.
E os eleitores não votam em vices. Portanto, o que ela diz ou deixa de dizer tem cada vez menos importância.
PS: Marina também concedeu uma entrevista ao Correio Braziliense.
Disse que apoia o deputado José Antônio Reguffe (PDT/DF) para o governo
do Distrito Federal, quando o PSB já tem também uma candidatura posta, a
do senador Rodrigo Rollemberg (PSD/DF)
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário