Senador pelo PMDB do Paraná vai entrar essa semana
com ação na Justiça contra a licitação do Campo de Libra, a primeira na
área do pré-sal; "País nenhum entrega uma exploração conhecida de
petróleo. Os Estados Unidos não fazem isso com seu petróleo", protesta o
parlamentar, em entrevista ao 247; leilão está agendado para o próximo
dia 21, no Rio de Janeiro; para Roberto Requião, a administração dessa
riqueza está "completamente errada" e toda a história "nacionalista" da
Petrobras "está sendo alterada"
Gisele Federicce _247 – Passar o controle do
Campo de Libra, na Bacia de Santos (SP), do Estado para empresas
privadas "é uma loucura", ataca o senador Roberto Requião (PMDB-PR), em
entrevista concedida ao 247 neste domingo 13. O
parlamentar se refere ao leilão da primeira área do pré-sal, agendado
para o próximo dia 21, no Rio de Janeiro, contra o qual pretende entrar
com uma ação na Justiça ainda nesta semana. "O objetivo [da ação] é
mostrar que esse leilão é uma loucura, não tem sentido algum",
argumenta.
O senador informou que a ação "já está redigida" e que deve ser
apresentada até quarta-feira. Em setembro, Requião chegou a sugerir um
decreto para suspender a licitação. O documento foi assinado pelos
senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), além de
Requião, e lido na tribuna do Senado.
Na ocasião, o peemedebista lembrou que o ex-presidente Lula declarou,
durante seu governo, que o pré-sal era "patrimônio da nação, e não para
ser entregue a meia dúzia de empresas".
Na avaliação do senador paranaense, o Brasil tem condições de
explorar todo o pré-sal "sem açodamento", uma vez que o nosso petróleo
permite autossuficiência ao País pelos próximos 50 anos. Contra o
leilão, o parlamentar argumenta que "ainda não sabemos qual é a
quantidade" exata de petróleo existente na bacia e que seu controle deve
ficar com a Petrobras, detentora da tecnologia. "A Petrobras pode
explorar diretamente isso", afirmou.
Ainda em defesa da estatal, Requião acredita que a empresa "está
sendo liquidada" ao explorar o pré-sal e não ser recompensada por
isso. Para o senador, a administração dessa riqueza está "completamente
errada" e toda a história "nacionalista" da Petrobras "está sendo
alterada" com a entrega do pré-sal a empresas privadas.
Na conversa que teve por telefone com o 247, Roberto
Requião lembrou de um discurso da campanha da presidente Dilma
Rousseff, em 2010, em que a petista afirma que "é crime" tentar
privatizar a Petrobras e ou o pré-sal. O senador reproduziu neste
domingo, em sua conta no Twitter, o vídeo em que Dilma declara: "Isso seria um crime contra o Brasil porque o pré-sal é nosso grande passaporte para o futuro".
Questionado sobre a que se deveria a contradição da chefe do
Executivo, Requião diz não saber. "Vamos fazer agora o que a Dilma falou
que ia fazer. Somos a favor do País", diz, acrescentando que todo o
discurso do PT contra a privatização vem mudando. "Você vê a
privatização dos portos. É uma concessão aqui, uma ali, e vai
acontecendo tudo isso", continua o senador.
Requião compara o controle que outros países têm de seu petróleo com o
leilão agendado pelo governo brasileiro. "País nenhum que seja
soberano, independente, entrega uma exploração conhecida de petróleo. Os
Estados Unidos não fazem isso com seu petróleo", disse. No discurso que
fez na tribuna do Senado em setembro, Requião afirmou que "a ANP tomou o
campo da Petrobras e o está leiloando. É algo inédito no planeta".
Nesta semana, o ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer, atual diretor do
Instituto de Energia e Ambiente da USP, somou-se ao discurso de Requião
ao dizer que a licitação do Campo de Libra é "ato contra o interesse
nacional". Para ele, o melhor regime para países que têm grandes
recursos de petróleo é contratar uma empresa 100% estatal, como ocorre,
por exemplo, com a Petróleos da Venezuela (PDVSA). Ele acredita que
existem outras formas, que não o leilão, que permitem o controle do
Estado nacional sobre o ritmo de produção (leia aqui).
Brasil 247
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