terça-feira, 8 de outubro de 2013

Será que Esteves, do BTG Pactual, tucanou de vez?

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Em Nova York, no hotel Waldorf Astoria, banco de investimento de André Esteves, que se associou à Caixa e comprou ativos da Petrobras, abre nesta terça-feira 8 conferência para investidores com Aécio Neves; banqueiro migra do governismo para a oposição e diz que a política econômica atual dificulta a 'venda' do País a investidores; interesses contrariados motivam mudança de lado do banqueiro, que sonha com a privatização dos bancos estatais
7 de Outubro de 2013 

247 – O banqueiro André Esteves está mudando de lado. CEO do BTG Pactual, ele se aproximou do bloco político do governo desde a gestão de Lula, quando afirmou que o País vivia seu melhor período econômico em 500 anos, ou seja, desde o descobrimento. Foi uma coincidência com a fase de abertura e crescimento da instituição que ele preside. Mas agora, o flerte acabou.

Depois de ter se tornado sócio da Caixa Econômica Federal no banco Panamericano, o Pan, no qual detém 51% das ações, e consolidar seus interesses junto à Petrobras, Esteves liberou seus sócios para criticar o governo. Na semana passada, Roger Agnelli, ex-presidente da Vale que pilota o braço de mineração do BTG, saiu em campo atacando o marco regulatório proposto pelo governo ao setor. De acordo com Agnelli, o modelo oficial vai inibir os investidores. Na verdade, o que ele quer são parâmetros de exploração do solo que entregam, praticamente de graça, as riquezas minerais do País para os grandes grupos de interesse, a começar pelo dele e de Esteves.

Para consolidar sua ida para a oposição, o BTG resolveu abrir sua conferência anual para investidores, em Nova York, fazendo do presidenciável Aécio Neves, do PSDB, o orador de abertura. O presidente tucano está na dele. Dará seu recado, nesta terça 8, no salão principal do hotel Waldorf Astoria, e certamente suas palavras terão repercussão no Brasil, onde o clima de campanha eleitoral já toma conta da mídia.

O que intriga é porque o BTG resolveu, tão rapidamente, mudar de camisa. O mercado vinha considerando Esteves um dos mais frequentes interlocutores do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na iniciativa privada. Uma das pistas é seu interesse em ter mais um banco de varejo. 
As perdas do BTG com uma desastrada parceria com o grupo EBX, de Eike Batista, os problemas de mercado do Pan e a insistência, pelo governo, de resistir ao apetite do próprio Esteves por regras, em diferentes setores, que o beneficiem, também estão findando por afastar a instituição que tem o tucano Persio Arida como um dos sócios mais destacados da área de apoio à política econômica.

Numa demarcação de ida para o campo oposicionista, Arida passou a defender, nos últimos tempos, o estabelecimento de desemprego no mercado de trabalho como forma de controlar a inflação. Para ele, o Brasil estaria crescendo num ritmo superior ao de suas próprias capacidades.

Em Nova York, não será de espantar se Esteves e os seus repetirem a ladainha de que o governo está afugentando investimentos. Pelo desenho da conferência com os CEOs, o que se quer, ao que parece, é mostrar um Brasil fechado e inseguro, onde Aécio será o grande palestrante falando num palanque com a marca do BTG Pactual.

Dias atrás, Esteves tentou adquirir a participação dos Ermírio de Moraes no Banco Votorantim, onde o Banco do Brasil é sócio. Nos quadros do BTG Pactual, um dos quadros proeminentes é Sergio Cutolo, que foi presidente da Caixa no governo FHC. Esteves não esconde dos seus mais próximos interlocutores que um de seus sonhos é comprar algum dos bancos estatais, caso um dia algum governo decida privatizá-los.


Brasil 247

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