sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Alarmantes dados sobre epidemia de crack no país - José Dirceu

Cerca de 50 mil crianças e adolescentes que vivem nas capitais brasileiras são usuárias de crack. Constituem, assim, 14% dos dependentes desta droga em nosso país. O dado alarmante é do estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, divulgado nesta 5ª feira (ontem) pelos ministérios da Justiça e da Saúde.

Ao todo, nosso país conta com 370 mil pessoas – nas 26 capitais e no Distrito Federal – dependentes de crack ou de drogas com base em cocaína fumada (pasta-base, merla e oxi). O número representa 35% do total de consumidores de drogas ilícitas (1.035.000), com exceção da maconha.

E o pior dos mundos: no Nordeste, os menores de idade equivalem a 23% dos usuários de crack. Nada menos que 28 mil crianças e adolescentes são dependentes da substância. No Sudeste, os menores representam 13% – são 13 mil crianças e adolescentes; no Centro-Oeste, 6 mil menores de 18 anos; seguido do Sul e Norte, com 3 mil.

Além disso, revela o estudo, cerca de 10% das mulheres usuárias de crack estavam grávidas quando deram a entrevista. Mais da metade já havia engravidado desde que começou a usar crack ou outras drogas. A pesquisa revela, ainda, que o tempo médio de uso da droga é de oito anos nas capitais e cinco nos municípios.

“Há uma epidemia de crack no país”

O diagnóstico foi dado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha após analisar a pesquisa, em sua opinião, o mais amplo estudo já feito no Brasil e no mundo sobre as drogas. “A pesquisa mostra que o problema é grave, que há uma epidemia de crack no nosso país”, afirmou o ministro.

“Precisamos expandir ainda mais os serviços, e a parceria com os Estados e municípios é fundamental. São R$ 2 bi disponíveis e nós precisamos muito dessa parceria para que esses serviços cheguem à ponta”, observou. Ele também frisou que a maior parte dos dependentes de crack (80%) quer se tratar.

“Nós precisamos aproveitar que eles querem se tratar para oferecer serviços, sejam públicos, sejam em instituições religiosas ou comunidades terapêuticas. É fundamental que a gente alivie o sofrimento desses jovens e de suas famílias”, afirmou reforçando a importância de Estados e municípios colaborarem na execução de políticas públicas de combate ao crack.

No último mês, o Ministério da Saúde anunciou o aumento da verba destinada aos centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS) em R$ 230 milhões. Estes centros atendem a dependentes químicos e pacientes com transtornos mentais durante 24 horas. Além disso, mais R$ 100 milhões serão investidos na construção de CAPS em todo o país.

“Usuários devem ser considerados dependentes químicos”
Cardozo e Maximiano apresentam estudo da Fiocruz

Já o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, em um pronunciamento duro em combate ao narcotráfico, lembrou que 90% dos usuários afirmaram nesta pesquisa precisar de apoio para conseguir emprego ou educação para reinserção social.

“Os narcotraficantes, integrantes de organizações criminosas, devem ser investigados e punidos com o máximo rigor, porém os usuários devem ser considerados como dependentes químicos e, portanto, passíveis de tratamento na área da saúde e no âmbito de políticas de reinserção social”, afirmou o ministro.

Segundo Vitore Maximiano, secretário Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), outra frente está no fortalecimento das ações de prevenção, sobretudo nas escolas. A pesquisa revela que apenas dois em cada 10 usuários cursaram ou concluíram o ensino médio. Em relação ao ensino superior, a proporção despenca para 0,3% que cursaram ou concluíram o 3º grau.

Ele aponta, ainda, a existência de mais de 2 mil pessoas em comunidades terapêuticas, financiadas com recursos federais e que a meta é ampliar este número para 10 mil vagas até 2014. “Na medida em que 80% (dos usuários de crack) desejam se tratar, fica desnecessário o debate quanto à internação compulsória. Os índices de recuperação neste caso são baixos. 

Vamos cuidar de 80% das pessoas que querem se tratar e convencer os 20% que ainda não manifestaram esse desejo de buscarem tratamento”, apontou

Capitais, Estados e União têm de se unir

A pesquisa torna clara a fundamental importância do programa “Crack, É Possível Vencer”, lançado pelo governo federal em dezembro do ano passado. Reunindo ações conjuntas dos ministérios da Justiça, Saúde, Desenvolvimento Social e Educação, entre outros, o programa prevê R$ 4 bi em recursos federais destinados a Estados e municípios em ações de orientação da população, capacitação de profissionais, aumento da oferta de tratamento e atenção aos usuários. Além, obviamente, de combate ao tráfico.

Mas, apenas em agosto deste ano, o programa teve a adesão de todas as unidades da Federação e o ingresso de mais 28 municípios que se juntaram aos 90 que já desenvolviam ações contra o crack. Daí toda nossa atenção para os programas dos governos municipais, estaduais e federal com relação aos usuários do Crack. Temos de lutar para recuperar essas 50 mil crianças e adolescentes nas mãos do crack.

Clique aqui e confira a íntegra da pesquisa.
(Foto: Antonio Cruz/ABr)


Blog do Zé Dirceu

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