17/09/2013
(HD) - O Brasil assistiu, nas últimas semanas, a duas importantes
mudanças na área de infra-estrutura.
A primeira está ligada ao anúncio de que, finalmente, grandes
bancos estrangeiros aceitaram participar, em parceria com bancos estatais e
privados nacionais, do financiamento de obras de infra-estrutura em nosso país.
Essa notícia muda o padrão no qual a maioria do financiamento
é público, subsidiado, brasileiro e estatal, e os ganhos, em vez de serem
reinvestidos aqui dentro, são enviados para o exterior como remessa de lucros.
A segunda mudança é a ida de ministros brasileiros a países
como a China, para apresentar oportunidades de investimento em infra-estrutura.
Com isso, o Brasil amplia seus horizontes e suas parcerias, e
sai de um quadro de dependência quase exclusiva de empresas e operadoras de
países ocidentais.
“Sócios” que costumam pressionar e mudar a regras do jogo a
seu bel prazer, com a ameaça de não participar das licitações.
Uma missão da China Railway Construction Corporation (CRCC),
já está no Brasil à procura de parceiros para participar da disputa do trecho
ferroviário que ligará Açailândia, no Maranhão, ao Porto de Vila do Conde, na
cidade paraense de Barcarena.
Os chineses têm 3.3 trilhões de dólares em reservas
internacionais, o maior banco de desenvolvimento do mundo e a maior companhia
de construção ferroviária do mundo, com 2 milhões de empregados.
Ampliar a diversidade de investidores, no entanto, é apenas o
primeiro passo para resolver os problemas de logística e infra-estrutura no
Brasil.
É preciso arranjar uma forma de a justiça se pronunciar,
definitivamente, a propósito da construção de grandes projetos, antes do início
das obras, e não quando já estão em andamento.
A constante interrupção - por longos períodos e por repetidas
vezes - de obras tocadas pelo Governo Federal ou pelos estados, que são
fundamentais para o desenvolvimento nacional, é o principal fator de
insegurança, hoje, para os investidores.
Ainda anteontem, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região
determinou a suspensão imediata da construção da hidrelétrica de Teles Pires,
ameaçando o consórcio responsável de multa de 500.000 reais por dia, em caso de
desobediência.
Essa decisão – alega-se agressão à natureza e à cultura
indígena – deveria ter sido tomada antes que fossem investidos os quatro
bilhões de reais gastos até agora.
O que o consórcio vai fazer? Demitir os 6.000 trabalhadores
que contratou, treinou, instalou no meio da selva, para recontratar depois
outros quando a liminar for cassada?
Aí, quando a obra termina, com o dobro de tempo esperado e
duas ou três vezes o custo inicialmente previsto, muita gente vai para a internet – uns por desinformação,
e outros por má fé mesmo – para colocar, a torto e a direito, a culpa na
corrupção e no “desgoverno”.
Blog do Mauro Santayana
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