Luciane Hoepers, 33 anos, olhos verdes e várias
aparições em revistas masculinas e programas de TV, integrava o rol de
motivos com os quais a quadrilha desbaratada pela PF na Operação
Miqueias convencia prefeitos a investir dinheiro da previdência
municipal em fundo fraudulento; a musa foi presa na semana passada
acusada de participar da rede de aliciamento; na semana passada,
assessor do Ministério das Relações Institucionais foi demitido por
suposto envolvimento com a quadrilha; PF, que apreendeu vários carros de
luxo, acredita que grupo movimentou perto de R$ 300 milhões
Goiás247_ O escândalo de desvio de recursos de
fundos de pensão de prefeituras e governos estaduais, que foi revelado
pela Operação Miqueias da Polícia Federal, ganhou um novo componente
para lá de explosivo. A quadrilha usava mulheres bonitas e sensuais para
se aproximar de prefeitos, políticos ou pessoas que poderiam auxiliar
no esquema fraudulento.
Uma dessas mulheres é Luciane Hoepers, 1,75 metro, 33 anos, olhos
verdes, e que já está sendo chamada de Musa da Operação Miqueias. Ela é
conhecida do meio televisivo, já foi garota do time de futebol Avaí, de
Santa Catarina, participou do reality show Casa Bonita, atuou no Zorra
Total e trabalhava como agente financeira do grupo Invista, operado pela
quadrilha. A bela agora está presa.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que foi Luciane
quem almoçou com os deputados goianos Samuel Belchior, Daniel Vilela e
Leandro Vilela – todos do PMDB. O encontro foi documentado em fotos pela
PF. Ao jornal, Leandro disse que não se lembra da moça nem do almoço.
Samuel disse em nota que se encontrou com uma “pessoa” que estaria sendo
investigada pela PF, mas não revelou se era homem ou mulher.
O nome de deputados goianos aparecem em outra reportagem. Desta vez
em O Globo. A matéria fez um perfil da musa Luciane Hoepers e publica
até trecho de um diálogo dela com um prefeito identificado apenas como
Júnior:
- Alô, prefeito Júnior. Tudo bem? Aqui quem fala é a Luciane da Invista. Tá lembrado?
- Tô lembrado, difícil esquecer.
A PF diz que Luciane é ligada ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, um
dos líderes da quadrilha. As interceptações telefônicas mostram que ela
mantinha vários contatos com políticos. Na lista de municípios onde
Luciane procurou prefeitos e ex-prefeitos estão cidades de Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e São Paulo.
Os grampos da PF mostram que no dia 26 de março deste ano Luciane
comunicou a um dos chefes que iria almoçar com o filho do prefeito de
Aparecida de Goiânia (GO), além de alguns deputados goianos. “Segundo
ela, um deles é um deputado fortíssimo que vai sair na próxima eleição
como candidato a governador do Estado”, afirma a reportagem.
O filho do prefeito é o deputado estadual Daniel Vilela. O prefeito é
Maguito Vilela, ex-senador e vice-presidente da Frente Nacional de
Prefeitos. O deputado fortíssimo seria Samuel Belchior, que já foi
sondado pelo PMDB para ser o candidato do partido na sucessão estadual
de 2014. O pai de Samuel, Lauro Belchior, era à época presidente do
instituto municipal de previdência de Goiânia.
Matéria de O Popular (de Goiânia) desta segunda-feira fala do caso.
Daniel confirmou ao jornal que teve o encontro sim e foi numa reunião
do PMDB em Brasília. Ele afirma que conheceu Luciane, mas não teve mais
contato com a mulher. “Samuel Belchior não foi encontrado para comentar
o caso, mas fontes próximas ao deputado confirmaram o encontro”,
encerra o texto do jornal.
Planalto
As repercussões da Operação Miqueias preocupam o Palácio do Planalto.
Na noite de sexta-feira (20), o assessor do Ministério das Relações
Institucionais Idaílson Vilas Boas Macedo foi demitido após ser acusado
pela PF de ser o lobista da quadrilha. Idaílson trabalhava diretamente
com o subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República,
Olavo Noleto, atualmente o goiano que ocupa o mais alto cargo no governo
federal.
As investigações levaram à prisão de ao menos 20 pessoas em nove
estados, além do cumprimento de dezenas de mandados de busca e
apreensão. Entre os bens apreendidos constavam vários veículos de luxo,
como uma Ferrari e uma Lamborguini. Ao longo de 18 meses de
investigação, grupo teria movimentado R$ 300 milhões.
Brasil 247
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