É evidente a pressa do governo em deflagrar o processo de concessões. Muitas vezes esses arroubos têm produzido problemas.
Mas há um exagero evidente em atribuir o aparente baixo interesse
na licitação do campo de Libra - 11 candidatos contra uma expectativa de
40 - ao modelo de exploração ou a suposto intervencionismo estatal.
O que existe é um quadro internacional pouco claro. Este foi o
verdadeiro motivo da desistência das grandes petroleiros, como antecipou
na semana passada o superintendente da Organização Nacional da
Indústria do Petróleo, da Firjan (Federaçao das Indústrias do Rio de
Janeiro) Bruno Musso em Seminário Brasilianas sobre a Cadeia Produtiva
do Petróleo.
O investimento na exploração depende da equação custo de produção
versus preços internacionais. É o que irá balizar o retorno do
investimento.
Nos custos, enfrentam-se reservas a 300 km da costa, demandando
desafios tecnológicos relevantes na logística, aproveitamento de gás
etc. Além disso, há uma curva de aprendizado e desenvolvimento
tecnológico em curso, que trará redução de custos, mas a um ritmo
impossível de prever.
Na outra ponta, tem-se o mercado internacional atualmente imerso em indagações relevantes.
O fato novo são os Estados Unidos, com o movimento matador de
extração de óleo de xisto. Apenas no último ano a produção de petróleo
aumentou em 10%. É uma variável fundamental, cujo ritmo ainda não está
definido e que precisa ser acompanhada por todos os grandes players. Se
os EUA saírem do mercado internacional, como grande comprador que é,
afetará inevitavelmente as cotações de petróleo.
Há argumentos de que a China entrará como compradora, de certo modo
compensando o afastamento dos EUA e trazendo certa estabilidade aos
preços.
De qualquer modo, são três variáveis essenciais não definidas:
1. A curva de redução de custo da exploração.
2. Os efeitos do óleo de xisto sobre as importações norte-americanas.
3. O fôlego da China, como importadora de petróleo.
No momento o petróleo spot está cotado a 107 dólares o barril, mas
influenciado pela expectativa de guerra com a Síria. Para contratos
futuros, de 2020, está abaixo de 80 dólares.
Esta é a indeterminação principal, que afastou os grandes players do mercado.
Blog do Luis Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário