Está na hora de retomar os conceitos de gestão para a área da saúde.
O país já dispõe de tecnologia de gestão, especialistas, métodos
consagrados para aplicar em toda rede pública e ajudar na rede privada.
O primeiro passo é pensar prospectivamente o setor. O Brasil está
envelhecendo. Essa mudança demográfica trará impactos expressivos sobre a
saúde pública. Há que se desenvolver e deflagrar políticas de
prevenção.
O segundo passo é ter uma visão sistêmica do setor.
É evidente que faltam médicos, médicos são essenciais e devem ser
procurados onde estiverem disponíveis, seja em Cuba ou na Espanha.
Mas é evidente, igualmente, que os problemas da saúde não se resumem à falta de médicos.
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Qual o problema da saúde? Só se saberá se buscar dados na ponta, nos usuários do sistema.
Em toda cadeia da saúde, além do Programa Saúde da Família, os dois
únicos pontos de contato com os clientes são hospitais e prontos
socorros. Os problemas efetivos da saúde são aqueles que impactam
diretamente o universo dos usuários.
Na ponta, percebe-se falta de médicos mas, também, falta de leitos.
Pode-se melhorar a oferta de leitos por meio de investimentos – com recursos escassos – ou de gestão. Essa é a questão.
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Recentemente foi feito um trabalho em dois hospitais públicos de
emergência de Maceió.
Doentes se acumulavam nos corredores, morrendo sem
atendimento. Naqueles hospitais, portanto, o problema era de falta de
leitos e de atendimento.
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Procedeu-se inicialmente a um levantamento estatístico. Mostrou-se
que o tempo médio de permanência de cada paciente era de 12,5 dias por
doente/leito. No sul, a média é de quatro dias. Trazer o número para
quatro dias significaria triplicar a oferta de leitos sem nenhum
investimento adicional. Mas como reduzir o prazo sem afetar o
atendimento?
O segundo passo foi identificar os fatores de atraso na liberação dos pacientes.
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Uma das razões era o fato do doente estar pronto para ser liberado
mas depender da baixa dada pelo médico. Se o médico se ausentasse do
hospital na sexta-feira, a alta só era concedida na segunda.
Outro fator de atraso era na documentação interna dos hospitais.
Antes de liberar, o hospital precisa levantar todas as despesas
efetuadas, conferir o estoque de remédios para saber se havia
pendências, em procedimentos que levavam vários dias.
Em alguns casos, não aparecia um familiar para levar o paciente embora.
Em suma, uma infinidade de pequenos problemas que, somados, levavam a uma média absurda de tempo de internação.
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Localizado o problema, foram montados indicadores para cada uma das
causas e, junto com os funcionários do hospital, montado um plano de
ação para resolver os problemas, um a um.
Em seis meses, a média de internação caiu para 6,5 dias. Ou seja,
dobrou-se a oferta de leitos sem dispender um tostão a mais de
investimento e de aumento nos custos operacionais.
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Esses modelos precisam ser expandidos para todo o país.
Primeiro, a análise dos problemas na ponta do atendimento. Depois, o
mapeamento de todo o modelo de saúde até chegar nos poderes públicos
municipal, estadual e federal.
Blog do Luis Nassif
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