Professora Maria da Conceição Tavares já deixou
registrado que revista inglesa é pautada por interesses escusos do
capitalismo global; e não apenas por seus jornalistas; matriarca dos
desenvolvimentistas do País diz: "Não acredito nessa geração espontânea
nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu
conservadorismo"; para ela, "o alvo é 2014"; análise se deu a respeito
de pedido da cabeça do ministro Guido Mantega, feito pelo magazine da
terra da rainha Elizabeth no final do ano passado; mas vale para o caso
atual de crítica grosseira à economia brasileira; 247 apurou que
ex-ministro Pedro Malan tornou-se uma das principais fontes de
informação da publicação; artigo
247 – Entre os mais de 150 comentários gerados nas primeiras duas horas de exposição do texto Economist Ataca Brasil na Hora de Nova Decolagem, um leitor enviou artigo da professora Maria da Conceição Tavares como contribuição ao debate.
A matriarca dos economistas desenvolvimentistas do Pais sustentava,
no referido texto, que a publicação inglesa não possui "geração
espontânea" de reportagens quando se trata de assuntos de interesse do
grande capital internacional. Ao contrário. Para a professora, sempre
que esses interesses estão em jogo, a Economist se pauta por eles, e não
simplesmente pelos fatos jornalísticos.
Escrito na virada de 2012 para 2013, quando a Economist, com todas as
letras, e de maneira grosseira, pediu a cabeça do ministro da Fazenda,
Guido Mantega, à presidente Dilma Rousseff, o artigo de Maria da
Conceição serve como uma luva para o caso presente: na capa desta
semana, o magazine volta a fazer carga pela desestabilização da economia
brasileira.
Na ocasião, 247 apurou que o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan,
atual diretor do banco Itaú, era uma das principais fontes da revista
inglesa no Brasil (aqui).
Abaixo, o texto de autoria da professora Maria da Conceição Tavares
remetido ao 247, publicado originalmente no site Carta Maior:
"A revista Economist sabe, e se não sabe deveria saber o que está
acontecendo no mundo; a revista Economist, suponho, enxerga o que se
passa na Europa; sobretudo, não é cega a ponto de não ver o que salta
aos olhos em sua própria casa.
"A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de
mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de
fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o
Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um
governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão
levando o mundo à breca?
"O coro contra o Mantega não me convence. Nem nas suas alegações, nem nos seus protagonistas, nem na sua batuta.
"Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist,por
mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a
motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega
"Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o
alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro (NR Aécio Neves)
"A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma
crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei...
"O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios
do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se
trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual
ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso
é certo. Então não existe horizonte sistemico de longo prazo e sem isso
o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em
liquidez e segurança, em papéis de governo ricos, em especial (paga para
se abrigar nos papéis alemães,por exemplo, recebendo em troca menos que
a inflação).
"Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo
esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso não se investe
nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também mitos
setores estão com capacidade ociosa –no mundo, repito, no mundo.
"A política monetária sozinha não compensa isso, da mesma forma que o
consumo não alarga o horizonte a ponto de estender o longo prazo
requerido pelo capital. Então do que essa gente está falando?
"Alguns deles certamente conseguem compreender o que estou dizendo.
Estes, por certo não fazem a crítica que eu faria, se fosse o caso de
fazer alguma. A meu ver o Brasil tem que ser ainda mais destemido na
redução do superávit primário – e nisso Mantega está sendo até
excessivamente fiscalista, para o meu gosto.
"Mas com certeza a malta que pede a sua cabeça não pensa assim.
Também não pensa, como eu penso, que o governo deve ir mais depressa no
investimento estatal, fazer das tripas coração no PAC , porque é daí, do
investimento público robustecido que pode irradir a energia capaz de
destravar a inversão privada.
"Mas não. A coisa toda cheira eleitoral. A economia internacional não
vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas,
claro,nenhum desempenho radiante e eles sabem disso.
"Então imaginam ter encontrado a brecha para fincar o pé de palanque do mineiro. E começam a disparar para atingir Dilma.
"Agora pergunte o que eles propõem ao Brasil. Pergunte. E depois
confira onde querem chegar olhando as estatísticas de emprego,
investimento e as sondagens quanto a confiança dos empresários em
Portugal, na Inglaterra, Espanha... Ora, façam-me o favor"
Brasil 247
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