Emissora dos três Marinho aciona máquina de guerra
para influir o mais possível nas eleições presidenciais de 2014;
minisséries disparam mísseis; no ar, A Mulher do Prefeito mostra
político que desviou verbas para construir estádio para a Copa do Mundo
sendo substituído por sua esposa; Amores Roubados, em janeiro, promete
revelar contradições da região Nordeste a partir do vale do rio São
Francisco; O Brado Retumbante, exibido no ano passado, mostrou
presidente ético e galanteador; qualquer semelhança com personagens
reais não é mera coincidência; Globo foi multada pela Receita Federal em
R$ 274 milhões por irregularidades na compra dos direitos da Copa do
Mundo de 2002; tudo a ver?
274 – No Jornal Nacional, da Rede Globo, uma
matéria considerada grande, em extensão, tem contados três minutos. No
sábado 5, a entrada da ex-ministra Marina Silva no PSB teve uma
cobertura de nada menos que 4 minutos e 22 segundos. Foi um claro sinal
de que a emissora dos três irmãos Marinho entrara de cabeça, e ao seu
modo, nas eleições presidenciais de 2014. Mas já há bem mais politização
na telinha da Globo do que as escolhas de seu Departamento de
Jornalismo.
Depois dar uma no cravo, ano passado, com a minissérie O Brado
Retumbante, na qual o presidente da República era mostrado como um homem
ético e profundamente sedutor, agora a Globo dá outra na ferradura.
Com a também minissérie A Mulher do Prefeito, no ar neste momento, a
emissora testa seu poder de destruição de imagem. O que se tem no
roteiro é um prefeito corrupto, que desviou todas as verbas de sua
cidade para a construção de um estádio de futebol para a Copa do Mundo.
Derrubado do cargo, ele é substuído por sua esposa.
Foi facil enxergar o senador Aécio Neves no presidente fictício de O
Brado, assim como é inevitável lembrar o ex-presidente Lula e da
presidente Dilma Rousseff nos papéis ocupados por Toni Ramos e Denise
Fraga agora. Sem nenhuma discrição, a Globo dos três Marinho vai
mostrando de quem gosta e de quem não gosta.
Em janeiro, a emissora vai colocar no ar Amores Roubados, minissérie
na qual pretende mostrar as contradições da região Nordeste. O foco
estará no vale do rio São Francisco, cuja obra de transposição de águas é
talvez o maior fracasso do governo Lula – e um grande abacaxi para a
gestão Dilma. A região, de resto, tende a ser o palco principal das
eleições de 2014, onde o governo tentará manter e ampliar a diferença de
10 milhões de votos conquistada sobre a oposição nas últimas eleições.
Ali, a oposição renovada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e
sua neoaliada Marina Silva, do PSB, jogará a mãe de todas as batalhas
eleitorais. A Globo, portanto, procura chegar antes.
Ao tratar dos desvios de verbas públicas para a construção de um
estádio para a Copa do Mundo, em A Mulher do Prefeito, a Globo nem passa
perto, é claro, de discutir um problema que, para ela própria, vem
dando muita dor de cabeça – e de caixa. Este ano, a emissora foi multada
em R$ 274 milhões pela Receita Federal, em razão de operações
consideradas irregulares na compra dos direitos para transmitir a Copa
do Mundo de 2002.
SEM LIMITES ÉTICOS - Uma multa dessa expressão
financeira – do tamanho de um estádio de futebol de pequeno porte,
diga-se – dá argumentos de sobra para qualquer roteirista escrever uma
novela sobre os meandros da maior máquina de propaganda política do
País, a própria Globo. Mas é claro que não espaço na grade da emissora
para qualquer tipo de autocrítica. O que se quer, ali, é jogar problemas
no ventilador, dividir os políticos em duas categorias, entre corruptos
e honestos, e praticar em escala via satélite ações de latente
politização e falsa moralização.
Fazendo pressão com suas brigadas do departamento de jornalismo, de
um lado, e seus exércitos na área de produção, de outro, sobre o governo
e em benefício da oposição, a Globo mostra que pretende ser um eleitor
pesado na eleição de 2014.
Em 1982, no famoso caso Proconsult, a Globo fez uma apuração
paralela, no Estado do Rio de Janeiro, para tirar a eleição que
terminaria sendo vencida por Leonel Brizola para o governo fluminense.
Deu errado.
Em 1989, a mesma Globo editou o debate presidencial decisivo entre os
candidatos Fernando Collor e Lula de modo a favorecer o primeiro. Deu
certo.
Agora, o jogo de influência começou um ano antes e não se sabe até
onde poderá ir. Como já se viu, os limites éticos da emissora dos três
Marinho na prática não existem.
Brasil 247
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