Em entrevista exclusiva à Carta Maior, o ex-presidente Lula fala sobre o papel da política em uma sociedade cada vez mais dominada pelo mercado.
Lula
gosta de conversar. É um líder de massa. Um homem que pensa falando.
Que precisa falar para formular e avaliar as próprias ideias. Ser um
orador de fluidez arrebatadora é decorrência desse traço que faz com que
as palavras não encavalem na voz não tão rouca, depois do câncer
curado.
As palavras não congestionam na sua frase. Vão se compondo, escolhidas e corrigidas durante a conversa com um interlocutor invariavelmente cativado por elas. Não importa se um ou um milhão, será sempre o interlocutor de uma conversa privilegiada em que a oralidade versátil se nutre do imenso depósito de uma memória elefantina, que frequentemente afronta as anotações de auxiliares e invariavelmente com razão.
Fiel ao seu chão e ao mesmo tempo cosmopolita, Lula integrou Garanhuns ao ABC e este a Brasília, Washington, Pequim, Davos, Moscou... Seu idioma é a política, esse esperanto da grande conversa da humanidade com o qual se faz entender e captura o interlocutor, devorando-o com um sensor de rusticidade ao mesmo tempo telúrica e altamente sofisticada.
O ex-presidente de 58 milhões de votos, que fez a sucessora e carregou 80% de aprovação ao deixar Brasília está preocupado com a política assim entendida, como o amálgama da sociedade. Vorazmente intuitivo, Lula sabe que a política é a única força que rivaliza com a do mercado, que também recorre a ela, comprando-a aqui e ali, mas sem nunca se apoderar totalmente das suas rédeas.
Preocupa-o, desde os protestos de junho, o cerco midiático e a desvalorização desse espaço, o único espaço de liberdade dos que não tem espaço, nem voz na sociedade. Foi com essa obsessiva determinação de chamar a juventude à política, que Lula conversou longamente com Carta Maior.
Ele cobra argumentos dos que se dizem a-políticos. Sobretudo, dos que pretensamente se apresentam como fundadores da ‘política pura’, aquela sem partido, sem erros, sem negociação, imune aos corruptos e, sobretudo, aos corruptores, que por definição habitam o circuito do dinheiro grosso.
A política assim entendida, não para um outro mundo, mas de um outro planeta, é só mais uma armadilha destinada a congelar a sociedade real, dividida em classes conflitantes, com gente de carne e osso que espelha o seu tempo e as instituições que o modelam.
Lula chama à política com a experiência de quem já viveu o outro lado. ‘A maior ignorância é ser um analfabe analfabeto político’; eu sei porque já fui um deles, ilustra sem resguardo, puxando a cena exata dos anos 70:
“Com o bonezinho preto e a barba negra eu dizia: eu não gosto de política e não gosto de quem gosta de politica’.
E debochado fuzila: “ A elite paulista e a imprensa deliravam: 'ele não gosta de política!' Três meses depois, como relata na entrevista à CM, estava em cima de um caminhão fazendo campanha para FH ao Senado, contra Franco Montoro e o Claudio Lembo.
Dois anos mais tarde estava criando aquele que seria o maior partido de trabalhadores da América Latina e um dos mais importantes do mundo.
Trinta e cinco anos depois, a criatura esfericamente política, duas vezes presidente da República, fala a Carta Maior, um site que já nasceu mergulhado na política. Mas, que a exemplo de Lula, também, se olha e se questiona, renovando-se, como nesta nova fase, a perseguir seu objetivo maior: ser um espaço de encontro e reflexão da esquerda e das forças progressistas brasileiras, na construção de uma força política, capaz de transformar o Brasil.
Veja acima os principais trechos da conversa com Lula.
As palavras não congestionam na sua frase. Vão se compondo, escolhidas e corrigidas durante a conversa com um interlocutor invariavelmente cativado por elas. Não importa se um ou um milhão, será sempre o interlocutor de uma conversa privilegiada em que a oralidade versátil se nutre do imenso depósito de uma memória elefantina, que frequentemente afronta as anotações de auxiliares e invariavelmente com razão.
Fiel ao seu chão e ao mesmo tempo cosmopolita, Lula integrou Garanhuns ao ABC e este a Brasília, Washington, Pequim, Davos, Moscou... Seu idioma é a política, esse esperanto da grande conversa da humanidade com o qual se faz entender e captura o interlocutor, devorando-o com um sensor de rusticidade ao mesmo tempo telúrica e altamente sofisticada.
O ex-presidente de 58 milhões de votos, que fez a sucessora e carregou 80% de aprovação ao deixar Brasília está preocupado com a política assim entendida, como o amálgama da sociedade. Vorazmente intuitivo, Lula sabe que a política é a única força que rivaliza com a do mercado, que também recorre a ela, comprando-a aqui e ali, mas sem nunca se apoderar totalmente das suas rédeas.
Preocupa-o, desde os protestos de junho, o cerco midiático e a desvalorização desse espaço, o único espaço de liberdade dos que não tem espaço, nem voz na sociedade. Foi com essa obsessiva determinação de chamar a juventude à política, que Lula conversou longamente com Carta Maior.
Ele cobra argumentos dos que se dizem a-políticos. Sobretudo, dos que pretensamente se apresentam como fundadores da ‘política pura’, aquela sem partido, sem erros, sem negociação, imune aos corruptos e, sobretudo, aos corruptores, que por definição habitam o circuito do dinheiro grosso.
A política assim entendida, não para um outro mundo, mas de um outro planeta, é só mais uma armadilha destinada a congelar a sociedade real, dividida em classes conflitantes, com gente de carne e osso que espelha o seu tempo e as instituições que o modelam.
Lula chama à política com a experiência de quem já viveu o outro lado. ‘A maior ignorância é ser um analfabe analfabeto político’; eu sei porque já fui um deles, ilustra sem resguardo, puxando a cena exata dos anos 70:
“Com o bonezinho preto e a barba negra eu dizia: eu não gosto de política e não gosto de quem gosta de politica’.
E debochado fuzila: “ A elite paulista e a imprensa deliravam: 'ele não gosta de política!' Três meses depois, como relata na entrevista à CM, estava em cima de um caminhão fazendo campanha para FH ao Senado, contra Franco Montoro e o Claudio Lembo.
Dois anos mais tarde estava criando aquele que seria o maior partido de trabalhadores da América Latina e um dos mais importantes do mundo.
Trinta e cinco anos depois, a criatura esfericamente política, duas vezes presidente da República, fala a Carta Maior, um site que já nasceu mergulhado na política. Mas, que a exemplo de Lula, também, se olha e se questiona, renovando-se, como nesta nova fase, a perseguir seu objetivo maior: ser um espaço de encontro e reflexão da esquerda e das forças progressistas brasileiras, na construção de uma força política, capaz de transformar o Brasil.
Veja acima os principais trechos da conversa com Lula.
Carta Maior
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