sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Uma lição para a oposição: acordo EUA-Irã segue o que fez o Brasil em 2010 - José Dirceu

O acordo que os Estados Unidos aceitam discutir com o Irã agora é muito parecido com o costurado pelo Brasil e pela Turquia há três anos, no fim do governo Lula. A lembrança, feita em boa hora, é do professor de Política Internacional e Comparada da UFMG Dawisson Belém Lopes, em artigo hoje na Folha.

Esse acordo de 2010 foi o mesmo que a nossa mídia e a nossa oposição não apoiou, fazendo coro com a recusa – depois de Barack Obama ter aceitado e incentivado – adotada pela diplomacia norte-americana, que a vetou no Conselho de Segurança da ONU.

Pelo acordo, a Turquia aceitava estocar o urânio levemente enriquecido do Irã, que teria em troca matéria-prima para um reator nuclear de uso civil. Brasil e Turquia seriam os avalistas.
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou o acordo, e a nossa imprensa e a oposição embarcaram na mesma onda. A então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou a dizer que Brasil e Turquia estavam sendo enganados.

O que mudou?

O professor se pergunta, então, por que agora o atual secretário, John Kerry, defende o diálogo com o Irã. “Por que, afinal, a mudança de rumos?”
Ele diz que não era crível que Brasil e Turquia pudessem estar sendo enganados. E que a política externa dos EUA continua a mesma. O regime teocrático do Irã, igualmente.

Para o professor, o novo posicionamento dos EUA sugere algumas lições. “A mais importante: não se deve esperar tolerância das grandes potências com as ações políticas empreendidas por países intermediários (em termos militares e econômicos), como Brasil e Turquia.”

“A aquisição de credenciais para participar da gestão da ordem mundial não se dá de modo ‘natural’. Emancipar-se e entrar para o ‘clube das potências’ é um processo que envolve opções custosas –e não necessariamente pacíficas– para o Estado.”

“Assim, é razoável esperar por desencontros e divergências entre as políticas externas de uma nação já estabelecida –como os EUA– e outra que, como o Brasil, busca ascender no “ranking” dos Estados soberanos.”



Blog do Zé Dirceu

Nenhum comentário:

Postar um comentário