Coluna Econômica
Um psiquiatra que se dispusesse a definir o humor da velha mídia,
certamente a enquadraria na categoria de PMD (Psicose Maníaco
Depressivo), com muito mais inclinação pelo depressivo.
Aparentemente,
nada está dando certo no país.
É engano.
Tome-se o que está ocorrendo no setor naval. É uma revolução, um
sucesso de política industrial como não se via desde que a crise do
petróleo, em fins dos anos 70, liquidou com o sonho do país grande.
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A revolução começou quando surgiu o pré-sal e o então presidente Lula
convocou a Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff para a missão de
devolver ao setor naval brasileiro o brilho dos anos 70 - quando chegou
a ser dos maiores do mundo.
A política industrial foi traçada valendo-se de todas as ferramentas de que o governo passou a dispor, com o pré-sal:
1. Mudou-se o sistema de exploração para partilha, conferindo à
Petrobras o controle sobre as operações do pré-sal. Ela se tornou a
grande contratadora de plataformas, navios, embarcações e serviços.
2. Definiram-se regras para conteúdo local, subordinadas à manutenção da competitividade internacional.
3. Juntaram-se todos os agentes públicos e privados em dois fóruns, o
Prominp - da Petrobras e seus fornecedores - e o Plano Brasil Maior.
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Surgiram quatro pólos robustos, dentro das três vocações básicas,
conforme explicou Augusto Mendonça, presidente da Abenave (Associação
Brasileira das Empresas do Setor Naval e OffShore), em seminário
promovido pelo projeto Brasilianas.org:
1. Construção de plataformas e sondas, base do polo do rio Grande do Sul.
2. Embarcações especializadas, forte concentraçãoem Santa Catarina,
com 4 estaleiros em operação e um em implantação, para embarcações de
apoio.
3. Construção de navios, polo em Pernambuco, com dois estaleiros.
4. Polo do Rio de Janeiro, representando mais de 50% da indústria, com estaleiros nas três atividades.
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No total, já existem 26 estaleiros em operação e 11 em implantação,
que estarão operando a plena carga até 2016. No momento, a capacidade de
processamento de aço é de 570 mil toneladas/ano. Até 2016, serão 1,2
milhão de t/ano.
Dos atuais 62 mil empregos diretos, se passará a 100 mil em 2016.
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Até 2020, as encomendas perfazem US$ 80 bi para plataformas de
produção e sondas de perfuração, US$ 14 bi para embarcações
especializadas e US$ 7 bi para navios petroleiros.
Como explica Augusto Mendonça, todos os estaleiros são de última
geração, com alta capacidade de produção e com investimentos levando em
conta o mercado que se tem pela frente.
A responsabilidade do conteúdo local é do estaleiro. Ele é que tem
que procurar fornecedores com conteúdo local, preço e qualidade
adequadas
À medida em que a cadeia local vai se aprimorando, aumentam os
índices de nacionalização. No caso da plataforma P-54, do estaleiro
Mauá-Jurong alcançou 68%% de conteúdo local. A P-56, do estaleiro
Brasfels, chegou a 73%. O navio Celso Furtado, do estaleiro Mauá, a 76%.
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Ao mesmo tempo, missões de empresários brasileiros visitaram os
quatro países referência da indústria naval - Inglaterra, Noruega,
Coreia e Singapura.
É o primeiro passo. Os próximos serão o fortalecimento da navegação
de cabotagem e da hidroviária - alicerçados na industria naval e na nova
lei dos portos.
Blog do Luis Nassif
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