Do iG
Nova linha de transmissão de energia no Norte traz alívio para o bolso de todos
O início de operações da linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus conecta a capital do Amazonas ao sistema interligado nacional e traz economia a todos os brasileiros
Após quatro anos de obras, entrou em operação esta semana a
linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus, que encerra o isolamento
energético das duas capitais e deve se traduzir em alívio para o bolso
de todos os brasileiros. Com 1,8 mil quilômetros de extensão, o trecho
da linha entre Tucuruí, no Pará, e Manaus, no Amazonas, foi energizada
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na madrugada de
terça-feira. Já este ano, a economia com a redução do consumo de diesel
por térmicas na região deverá ser de R$ 1,9 bilhão.
Conhecido no mercado como Linhão de Tucuruí, o sistema foi
licitado em 2009 e as primeiras torres de transmissão instaladas em
2011. Seu início de operações, na última terça-feira, põe fim ao sistema
isolado de Manaus, que era abastecido por usinas térmicas movidas a
combustíveis fósseis e com custo subsidiado por todos os consumidores de
energia brasileiros. “O primeiro e mais importante impacto é uma
diminuição considerável dos gastos com térmicas”, comenta o professor
Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ
(Gesel).
No ano passado, o país gastou R$ 4,7 bilhões com o subsídio à geração
de energia em sistemas isolados. Para este ano, já considerando o
início das operações do Linhão, a conta cai para R$ 2,84 bilhões. A
tendência, segundo especialistas, é de queda nos próximos anos, uma vez
que o cálculo de 2013 considera Manaus isolada por seis meses. Agora
conectada, a região metropolitana da capital do Amazonas era responsável
por 60% do consumo de energia por sistemas isolados no Brasil.
O custo da geração térmica nesses sistemas é pago por meio da Conta
de Consumo de Combustíveis (CCC) que, no início do ano, foi absorvida
pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), outro encargo cobrado
nas contas de luz. Atualmente, o Tesouro tem antecipado parte dos
recursos ao setor, como forma de compensação pela redução no preço da
energia estabelecido por lei no início do ano.
Além da economia, diz Castro, há ganho do ponto de vista ambiental,
com a substituição da geração a combustíveis fósseis por energia
renovável, gerada por hidrelétricas em outras regiões do país. “A
conclusão das obras representa um grande salto de qualidade no
fornecimento de energia para a região”, diz o professor. O sistema
energético brasileiro funciona como uma grande rede, com linhas de
transmissão ligando todas as regiões e permitindo a troca de energia de
acordo com as condições de segurança dos reservatórios de hidrelétricas.
Com a conexão de Manaus ao Sistema Interligado Nacional
(SIN), o Plano Anual de Operação dos Sistemas Isolados da Eletrobras
prevê a desativação este ano de quatro térmicas movidas a óleo. A
tendência é que novas usinas sejam desligadas nos próximos anos, de
acordo com a evolução da capacidade do linhão de Tucuruí e do vencimento
de contratos. Com abundância de gás natural, o estado manterá em
operação usinas movidas por esse combustível.
Historicamente, havia dois grandes sistemas isolados: Acre/Rondônia,
que foi interligado em 2009; e Manaus/Macapá, que começa a ser conectado
agora. De acordo com o ONS, no primeiro dia de operação, a região
metropolitana de Manaus teve um consumo médio de 897 MW, que passam a
fazer parte das estatísticas do consumo de energia do SIN. Além disso, o
sistema passa a contar também com a capacidade de geração da região,
que conta com sete térmicas a gás natural e óleo, com 778 MW de
capacidade, e com a usina hidrelétrica de Balbina, com 250 MW.
Além de Manaus, foram interligados ao sistema esta semana os
municípios amazonenses de Presidente Figueiredo, Iranduba, Manacapuru e
Rio Preto da Eva, segundo o boletim diário de operação do ONS. Com a
travessia de centenas de quilômetros de mata fechada e de rios como o
Amazonas, as obras do Linhão foram dificultadas por restrições de acesso
— torres tiveram que ser levadas de helicóptero aos locais onde seriam
instaladas — e de licenciamento ambiental. Para conseguir atravessar os
2,5 quilômetros de largura do Rio Amazonas, foram construídas duas
torres com 280 metros de altura, quase do tamanho da Torre Eiffel, em
Paris.
Blog do Luis Nassif
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