O blogueiro da Veja precisa ser protegido de jornalistas como ele.
E então ficamos sabendo que o vencedor do concurso de títulos
promovido por Augusto Nunes para um livro de Lula é O Bebum de Rosemary.
O segundo lugar é 50 Toneis de Pinga.
Imagino que seja para rir.
Comentei este concurso outro dia. Nele, Lula era chamado de ladrão, molusco, burro, cachaceiro, afanador e larápio.
Jornalista pode insultar alguém assim por ter microfone? Este era meu ponto.
Minha resposta: o artigo traduz o atraso da mídia brasileira,
notadamente a da Veja e a de seu blogueiro, e a ausência de limites.
Por muito menos que isso a Justiça americana emparedou Paulo Francis, como todos sabemos.
E se alguém enveredar pela vida pessoal de Augusto Nunes? Tudo bem? Não, não está tudo bem.
A beleza de limites para abusos da mídia é proteger Augusto Nunes de jornalistas como Augusto Nunes.
Nestes últimos dias, por causa do concurso, acabei lendo textos dele.
Conheço muitas histórias de Augusto Nunes, mais do que gostaria, na
verdade. Mas me recuso a usá-las. Digo apenas que ele atacar
sistematicamente Lula pela bebida e pelas mulheres é uma das práticas
mais hipócritas, cínicas e farisaicas que vi em toda a minha vida.
Os insultos de Augusto são ubíquos.
Num vídeo em que Dilma esquece o nome de um político, ele a chama de
“dois neurônios” e define o esquecimento como “derrapagem espetacular”.
Um leitor perguntou se ele se achava mais inteligente que a “dois
neurônios”. Respondeu Augusto: “Muito. Muitíssimo.” E em seguida disse
ao leitor: “E agora cai fora porque não vou responder perguntas de quem
não tem neurônios.”
Numa demonstração de quem são os leitores de Augusto, vários deles aplaudiram a resposta.
Por causa de alguns acontecimentos recentes, a Bolívia tem sido alvo de artigos de Augusto.
Evo Morales é sempre chamado de “Lhama de Franja”, e ele realmente parece achar isso espirituoso.
Rui Falcão é acusado de mentiroso num texto por piscar mais que o
normal. Augusto Nunes sabe que Rui Falcão ficou com uma sequela por
causa de torturas sob a ditadura. Daí as piscadas.
Jornalismo?
Num texto recente sobre Lula no ABC, um leitor é chamado de “cretino”
e uma leitora é mandada para você sabe onde, por cometerem o pecado de
não concordar com o que estava escrito.
Um terceiro leitor recebeu a seguinte resposta, depois de ver suas
palavras censuradas (só apareceu o que Augusto escreveu): “Cai fora,
animal.”
Ninguém lê? Nenhum editor vê e pondera? Ninguém coloca limites em tanta baixeza, malvadeza e covardia?
Baixeza e malvadeza por razões óbvias. Covardia porque o leitor, ao contrário dele, não tem voz.
Curiosamente, está escrito o seguinte na caixa deixada para
comentários: “Aprovamos comentários em que os leitores expressam suas
opiniões. Comentários que contenham termos vulgares (…) e ofensas serão
excluídos.”
Bem, quem acredita nisso acredita em tudo. Faça um teste.
O que acontece é que os leitores sãos vão debandando, e ficam aqueles
que são igualmente movidos por maus sentimentos – gente com ódio,
intolerante diante de opiniões diversas, cega de fanatismo.
Sobra um gueto não de jornalismo, mas de barbárie fantasiada de jornalismo.
Curiosamente, as duas expressões que melhor designam, em minha
opinião, o que se faz no blog de Augusto Nunes são criações dele mesmo:
“esgotosfera” e “sanatório geral”.
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