Portugal Telecom está assumindo o controle da Oi,
que foi fruto da fusão entre as empresas Telemar e Brasil Telecom;
negócio que injetará R$ 7 bilhões na empresa nacional; tais recursos
permitirão a saída dos atuais sócios privados Sergio Andrade, da Andrade
Gutierrez, e Carlos Jereissati, do grupo La Fonte; criação da
"supertele" foi um dos negócios mais polêmicos do governo Lula;
executivo Zeinal Bava, da Portugal Telecom, já dá as cartas na
operadora, que ainda não conseguiu deslanchar no mercado brasileiro, e
diz que a empresa estará entre "as maiores do mundo"; ministro Paulo
Bernardo disse que anúncio favorece a competição
247 - A criação
da "supertele brasileira", fruto da fusão entre as empresas Oi (antiga
Telemar) e Brasil Telecom, num dos mais controversos negócios apoiados
pelo governo Lula, termina de forma também polêmica.
Nesta quarta-feira, a Oi anuncia sua
fusão com a Portugal Telecom, o que, na prática, dará o controle da
supertele brasileira aos portugueses, que já vinham comandando a empresa
por meio do executivo Zeinal Bava.
Com a operação, que injetará R$ 7
bilhões na Oi, sairão do negócio os atuais sócios privados, Sergio
Andrade, da Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, do grupo La Fonte.
Abaixo, a notícia que acaba de ser publicada pela Reuters:
SÃO PAULO, 2 Out (Reuters) -
A Oi e a Portugal Telecom anunciaram nesta quarta-feira acordo
preliminar para uma fusão de suas operações que prevê um aumento de
capital de pelo menos 7 bilhões de reais na operadora brasileira.
A operação criará a CorpCo, uma
multinacional com cerca de 100 milhões de clientes e permitirá captura
de sinergias de cerca de 5,5 bilhões de reais, afirmaram os grupos.
O acordo acontece pouco tempo depois
de a Oi ter feito grande corte em sua política de dividendos,
pressionada por uma dívida líquida de quase 30 bilhões de reais e
necessidade de acelerar investimentos no país.
Segundo os termos do acordo, além da
incorporação da Portugal Telecom, haverá um aumento de capital mínimo
da Oi de 7 bilhões de reais, "com objetivo de alcançar 8 bilhões de
reais, em dinheiro, com vistas a melhorar a flexibilidade do balanço da
CorpCo".
As companhias afirmaram que os
atuais acionistas da TelPart (Telemar Participações) e um veículo de
investimento administrado e gerido pelo BTG Pactual, participarão da
operação de aumento de capital com subscrição de cerca de 2 bilhões de
reais.
A CorpCo terá ações listadas no
segmento Novo Mercado da BM&FBovespa, na bolsa de Nova York e na
NYSE Euronext Lisbon. A Oi será uma subsidiária integral da CorpCo, que
vai incorporar a Portugal Telecom.
Cada ação ordinária da Oi será
substituída por 1 ação ordinária da CorpCo. No caso dos papéis
preferenciais, cada 1,0857 ação preferencial da Oi será substituída por 1
ação ordinária da CorpCo.
(Por Alberto Alerigi Jr.; Edição de Alexandre Caverni)
Leia ainda reportagem com as declarações de Zeinal Bava:
CEO da Oi diz que nova empresa estará entre as maiores do mundo
LISBOA, 2 Out (Reuters) - A CorpCo, empresa que será criada com a
fusão da Oi com a Portugal Telecom, tem a ambição de estar entre as
maiores do mundo, com significativo potencial de crescimento no Brasil,
disse o presidente-executivo da Oi e da PT Portugal, que confia na
redução da dívida do grupo e melhoria de flexibilidade financeira.
A Portugal Telecom e a Oi assinaram um memorando de entendimento para
uma fusão, que fez a ação da empresa portuguesa chegar a disparar mais
de 20 por cento dado o reforço da posição estratégica, numa operação que
envolverá um aumento de capital de um mínimo de 7 bilhões de reais na
operadora brasileira.
"A ambição é estar entre os maiores players globais, assumindo uma
vocação multinacional, desde a primeira hora, num setor em profunda
transformação e afirmando-se como uma referência em termos de inovação
tecnológica, excelência operacional e criação de valor acionista", disse
Zeinal Bava, em declarações escritas enviadas à Reuters.
"A nova companhia terá uma posição única nos mercados estratégicos
onde opera, apresentado um potencial de crescimento significativo no
Brasil, através de uma aposta na convergência e na mobilidade, bem como
capitalizando na liderança tecnológica e de inovação que possui em
Portugal", acrescentou.
O executivo explicou que "num contexto de evidente consolidação
setorial a nível mundial, chegou o momento de darmos mais um passo
decisivo no processo de construção da aliança Oi-Portugal Telecom,
construindo um projeto industrial independente, com escala mundial
abrangendo 260 milhões de habitantes e mais de 100 milhões de clientes".
"Esta transação coloca a Portugal Telecom e a Oi na vanguarda da onda
de consolidação que está a varrer o setor das telecomunicações",
ressaltou Bava.
Ele acrescentou ainda que o "aumento de capital de no mínimo 7
bilhões de reais vai melhorar a flexibilidade financeira do grupo,
reduzindo assim o risco financeiro da companhia e permitindo-nos
continuar a investir no crescimento do negócio".
"Através do reforço continuado da disciplina financeira, da
monetização das sinergias e de uma aposta inequívoca na excelência
operacional estamos confiantes no aumento da geração de caixa da nova
empresa e redução da dívida no futuro", referiu.
"Analisamos esta operação com muito cuidado e identificamos mais de 5
bilhões de reais em sinergias, o que é muito no contexto de uma
operação internacional transfronteiriça, ainda que seja uma estimativa
conservadora quando comparada com outras transações no setor", frisou
Bava.
O executivo afirmou que a nova entidade será cotada no segmento "Novo
Mercado" da Bovespa, na NYSE em Nova Iorque e na Euronext em Lisboa,
"ambicionando cumprir os mais elevados padrões de boa governança e
transparência com os mercados".
"Esta nova entidade terá uma base acionista internacional
diversificada, contando com apenas uma única classe de ações e dessa
forma garantindo um total alinhamento dos interesses de todos os
acionistas", disse.
(Por Sérgio Gonçalves)
Abaixo, notícia sobre a visão do ministro Paulo Bernado em relação a fusão:
Ministro diz no Senado que fusão de telefônicas vai beneficiar consumidor
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília -
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (2) que a fusão
entre a Portugal Telecom e a Oi/Brasil Telecom, noticiada ontem pela
imprensa internacional, representa a consolidação de um processo que já
estava sendo desenhado desde a compra de participações na Oi pela
empresa portuguesa.
“O caso da Brasil Telecom com a Portugal Telecom já vinha sendo
anunciado. [A Portugal Telecom] já tinha entrado como sócia, e ontem
anunciaram movimento de fusão entre as duas empresas. Para nós,
competição é bom. Ajuda o mercado. A briga entre elas faz com que o
consumidor acabe ganhando”, disse Paulo Bernardo durante audiência
pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.
Paulo Bernardo citou também a possibilidade de fusão entre outras
duas grandes do setor: a Vivo, do grupo espanhol Telefônica, e a TIM,
ligada à Telecom Itália. “Em 2007, [a Telefônica] passou a fazer parte
de um bloco que tem controle das ações estratégicas da Telecom Itália.
Dez dias atrás, anunciaram que a Telefônica pode aumentar sua
participação nesse bloco.
Colocaram dinheiro para pagar a dívida, o que
pode ser exercício para aumento de capital. Isso pode ser anunciado em
janeiro”, disse o ministro.
Bernardo lembrou que só a TIM tem 78 milhões de números de celulares
no mercado brasileiro, e a Vivo, cerca de 85 milhões. “O que temos de
concreto é que eles têm até o final dessa semana para apresentar
documentação ao Cade e à Anatel, e que há um acordo prevendo que a Vivo
não pode participar das decisões estratégicas da TIM" explicou.
Segundo o ministro, “se uma empresa passar a fazer parte do bloco e
começar a interferir, [a questão] pode ir ao Cade, que pode obrigar a se
desfazer de uma delas”.
Brasil 247
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