25 de janeiro de 2014 | 12:44 Autor: Miguel do Rosário
O óbvio aconteceu. A direita, ávida por acontecimentos que possam
trazer instabilidade às eleições deste ano, decidiu prestar apoio aos
movimentos que protestam contra a realização da Copa do Mundo.
O editorial do Estadão de hoje, comentado por nosso amigo blogueiro
Miro Borges, presidente do Instituto Barão de Itararé, não deixa margem
de dúvida: a primeira “bala de prata” disparada contra Dilma serão
manifestações contra a Copa do Mundo, que já estão sendo infladas por
grupos de extrema-direita, aí incluindo verdadeiros sociopatas que
defendem até mesmo intervenção militar americana no Brasil, como se vê
na imagem montada por um delirante analfabeto funcional (acima).
Há movimentos autênticos que protestam contra a Copa, ou que
pretendem usar a visibilidade do evento para exibirem demandas sociais
importantes, mas a infiltração de grupelhos fascistóides, alguns
inclusive ricamente capitalizados (como os movimentos anticorrupção, que
tem patrocínio de amplos setores da elite), além da presença de facções
partidárias ansiosas por factóides que possam atingir o governo, nos
fazem temer riscos de violências. O apoio de uma mídia com um lamentável
histórico golpista e sem nenhuma preocupação social já garante, de
antemão, a inevitável manipulação das notícias.
Preparem-se.
*
Estadão adere ao “não vai ter Copa”
O oligárquico jornal Estadão, historicamente um dos veículos mais
raivosos contra qualquer tipo de manifestação popular, parece que
resolveu aderir ao movimento “Não vai ter Copa” – desencadeado nas redes
sociais por uma série de movimentos, alguns com propósitos
diametralmente opostos. Em editorial nesta sexta-feira (24), o jornalão
pede “cautela” ao governo no enfrentamento dos protestos já agendados.
Ele reconhece que as manifestações podem prejudicar a imagem da
presidenta Dilma Rousseff, inclusive nas eleições de outubro próximo,
mas “teoriza” candidamente que isto faz parte da democracia. Haja
cinismo! A mídia golpista é, realmente, muito ardilosa!
No editorial intitulado “O governo, a Copa e a rua”, o Estadão já
começa fustigando o governo. “Para blindar o projeto de reeleição da
presidente Dilma Rousseff – e tão somente por isso – o Planalto, com o
PT a tiracolo, busca um plano que detenha o eventual alastramento pelo
País dos prováveis protestos contra a realização da Copa. Teme-se um
clima de crispação social capaz de contaminar as urnas de 3 de outubro,
nada menos de 115 dias depois da final de 13 de julho. A extensão desse
período parece indicar que os receios palacianos são exagerados: é tempo
demais para que os presumíveis protestos continuem crepitando a ponto
de abrasar a conquista de um segundo mandato por Dilma”.
Para o jornalão, o temor do governo com um possível “replay dos dias
de junho” é exagerado. O jornal até observa que “foi a absurda repressão
policial a uma marcha de protesto em São Paulo contra, entre outras
coisas, o aumento das passagens de ônibus, que propagou as passeatas
pelo País inteiro”. Ele só deixa de mencionar que no dia em Geraldo
Alckmin acionou a PM contra os manifestantes, com cenas de selvageria e
truculência, o próprio Estadão havia publicado um editorial exigindo
maior repressão. O governador tucano apenas atendeu ao pedido da mídia!
O jornal afirma que o primeiro ensaio desta jornada, “sob a hashtag
#naovaitercopa”, ocorrerá neste sábado, 25 de janeiro, data do
aniversário da cidade de São Paulo. E, de forma bastante estranha, até
elogia a convocação do protesto. “Diferentemente dos primeiros ativistas
de junho que, antes de tudo, queriam era falar, ou melhor, exclamar –
daí a mistura desencontrada de demandas que levavam consigo e a
inexistência de comando único que as enfileirasse -, os anti-Copa têm
uma agenda focada nos direitos dos grupos sociais que teriam sido ou
poderão ser ignorados em razão do campeonato. Por exemplo, famílias
desalojadas, ambulantes e moradores de rua removidos”.
Ao final, o jornalão serrista – o mesmo que apoiou a violenta
expulsão dos moradores do Pinheirinho e que justificou a recente ação da
polícia contra os moradores da Cracolândia – dá seus conselhos. “Se o
Estado recorrer à mão pesada para garantir a paz pública e a realização
dos jogos, Dilma poderá se reeleger do mesmo modo – afinal, a massa dos
seus eleitores quer é participar da festa da Copa -, mas a imagem da
presidente e do País sofrerá no exterior. O caminho mais sensato para o
governo é o da cautela. Isso significa achar o ponto de equilíbrio entre
preservar a ordem e deixar aberta a válvula do protesto para prevenir
uma reação em cadeia”. Que lindo!
Tijolaço
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