Equipe da Prefeitura enxerga, na ação da Polícia
Civil que terminou em confronto com usuários de drogas ontem na região
central de São Paulo, a intenção de prejudicar o programa Braços
Abertos, do prefeito Fernando Haddad; interpretação reacende ainda o
movimento para que o petista se afaste do governador Geraldo Alckmin
(PSDB); Haddad definiu ação como "lamentável" e indicou faísca na
relação com o estado: "[a ação] rompeu um diálogo muito produtivo que o
município tinha com o governo. Coloca em risco todo um trabalho que
vinha sendo feito há seis meses no local"
SP 247 – A ação da Polícia Civil, nesta
quinta-feira 23, na cracolândia, região central de São Paulo que
concentra usuários de drogas, prejudica a relação entre o prefeito
Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), além de
reacender, entre os petistas, a pressão para que Haddad se afaste do
tucano. Ao longo de 2013, primeiro ano da gestão do prefeito, o trabalho
entre os dois poderes foi feito de forma amigável, mas a disputa ao
governo do estado esse ano pode tornar o cenário tenso.
Haddad, que atua no local com o programa Braços Abertos – que
consiste em dar emprego para as pessoas que vivem ali e dar a elas
abrigos em hotéis próximos – classificou a ação de "lamentável" em
coletiva de imprensa convocada às pressas depois de conflito entre
policiais civis e dependentes químicos. "[A ação] rompeu um diálogo
muito produtivo que o município tinha com o governo. Coloca em risco
todo um trabalho que vinha sendo feito há seis meses no local", atacou o
prefeito.
O petista chegou a dizer que acredita que Alckmin também não tinha
conhecimento da ação, assim como ele. Mas dentro da Prefeitura, a
impressão é de que houve um ato proposital para atrapalhar o programa do
poder municipal. O jornalista Kennedy Alencar avalia a questão de forma parecida
na rádio CBN, da Globo, nesta sexta-feira 24. Segundo ele, a ação da
Polícia Civil "levanta uma suspeita de sabotagem ao programa Braços
Abertos".
"No caso de ontem, na cracolândia, a ação da Polícia Civil foi
absolutamente desastrada e levanta uma suspeita de sabotagem ao programa
Braços Abertos", disse Kennedy. O jornalista acrescenta que o programa
da Prefeitura, por prever uma abordagem mais humanista, "tem que ser
respeitado e depende justamente da confiança dos usuários que eles não
vão ser tratados com violência. Na prática, a polícia está implodindo o
Braços Abertos", avalia.
A equipe ligada ao programa se mostrou decepcionada com a ação da
polícia, mas a ordem dada foi de evitar a politização do tema. Do lado
do governo, a decisão foi de apoiar a ação da Polícia Civil, classifica
como "legítima". A chefia da corporação negou o uso de balas de
borracha, testemunhado, porém, pela imprensa. Nos bastidores da equipe
tucana, existe agora o palpite de que a prefeitura pretende transferir o
ônus de um eventual insucesso do programa para o governo Alckmin.
Brasil 247
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