22 de janeiro de 2014 | 07:42 Autor: Fernando Brito
A matéria de hoje na Folha,
mostrando que a relação corrupta entre a Alstom e os governos tucanos
de São Paulo transbordou do setor ferroviário – Metrô e Companhia de
Trens Metropolitanos – para o setor de geração e transmissão de energia
elétrica, comprova, também, uma outra coisa, extremamente importante
para a elucidação do caso.
É que há uma imensa massa de documentos produzidos por investigações
internacionais sobre a empresa, além daquelas que foram “esquecidas na
pasta errada” pelo Ministério Público em São Paulo.
É uma vergonha para o sistema judicial brasileiro que, por mais de
cinco anos, um escândalo de corrupção fartamente noticiado em todo o
mundo esteja, até agora, no máximo, num estágio inicial de apuração
aqui.
Para a Justiça e para a imprensa, já que o mesmo repórter da Folha, Mario Cesar Carvalho, está, desde 2008, em cima do mesmo Andre Botto.
E porque o Wall Street Journal publicou, naquele ano, o escândalo.
Os segredos só estão sendo revelados porque um dirigente francês da
empresa confessou às autoridades francesas que pagou 15% em um contrato
“reativado” depois de 15 anos, numa secretaria paulista sob o comando de
um íntimo auxiliar de Fernando Henrique Cardoso, Andrea Matarazzo.
Porque há indícios de mais, muito mais.
Será que nossa imprensa quer investigar?
Até este modesto blog tem informações de servidores da Cesp sobre
outros casos escabrosos que os nossos jornais poderiam, com um mínimo
esforço, apurar e confirmar.
O Estadão noticiou, anteontem, que uma das turbinas da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, da Cesp, está parada, com defeito, há mais de seis meses.
O Estadão quer saber a história destas turbinas, fabricadas pela Alstom e pela alemã Voith?
A primeira, da Alstom, foi instalada no final do governo Fleury e em pouco tempo de funcionamento, apresentou defeito.
As pás que movimentam a turbina apresentaram trincas, por defeito de fabricação.
O equipamento, bem como os outros que chegaram a seguir, já no Governo Covas, foram aceitos mesmo assim.
E a Alstom ainda ganhou contratos extras para fazer a manutenção dos defeitos do que ela mesmo fabricara.
A Três Irmãos funcionou num esquema “para-e-anda” por muito tempo,
com paradas constantes para manutenção.No próprio relatório da Aneel ( relatório aqui,
página 32)para a nova concessão da usina, está registrado que “desde o
início da operação em 1993, as pás das turbinas vem apresentando trincas
e problemas de cavitação” (danos causados por variações de pressão no
fluxo hidráulico). Mas é dito que só em 98 “foram feitos os primeiros
reparos nas trincas das pás” que teriam sido bancados pelo fornecedor,
até 2010 , quando a Cesp passou a pagá-los.
Se os nossos “jornalistas investigativos” quiserem, peçam um
histórico das paralisações da Três Irmãos ao longo da última década ao
Operador Nacional do Sistema, o ONS, que supervisiona o funcionamento e
a carga das usinas hidrelétricas.
Mas será que querem saber?
Tijolaço
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