Operários correm para dar fluxo à obra da Arena da Baixada e garantir Curitiba na Copa do Mundo 2014: 18 de fevereiro virou o dia D para a permanência do estádio no torneio da Fifa. Estádio
A Gazeta do Povo elaborou sete questões que explicam o processo que transformou o estádio paranaense na maior incógnita do Mundial no Brasil
26/01/2014 | 00:05 | Leonardo Mendes Júnior
Quando
o Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo de 2014, a Arena da
Baixada era o estádio mais pronto. Na semana do sorteio dos grupos, em
dezembro do ano passado, assumiu o posto de mais atrasado. E nos últimos
dias, tornou-se na maior incógnita para a principal competição do
futebol mundial.
A visita do secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke, na terça-feira, expôs ao mundo a morosidade do projeto
paranaense, situação traduzida em uma data: 18 de fevereiro. É quando
Curitiba precisa dar garantias de que terá um estádio pronto para a
Copa. E, para chegar até lá, foi desencadeada uma força-tarefa entre
estado, município e Atlético.
A Gazeta do Povo levantou sete questões que ajudam a
explicar esse processo, mostram o caminho que precisa ser percorrido e
até mesmo as pedras que vão surgir pelo caminho.
1 - Por que a Fifa elegeu 18 de fevereiro como dia D?
É quando começa um workshop de treinadores, no Costão do Santinho, em
Florianópolis. Dali, os técnicos das 32 seleções saem em viagem pelas
sedes onde vão jogar, para definir questões de logística. Ou seja:
quando deixarem Santa Catarina, os treinadores precisam ter 100% do seu
roteiro na primeira fase da Copa. Em caso de exclusão da sede, a Fifa
teria pouco mais de dois meses e meio para fazer os devidos ajustes de
logística.
2 - O que Curitiba precisa apresentar em 18 de fevereiro?
Pela projeção do comitê paranaense, ter no mínimo 10 mil assentos
instalados, gramado aplicado, cobertura, iluminação e acessos ao
vestiário concluídos. Além de um canteiro de obras funcionando a pleno
vapor, com fluxo eficiente de dinheiro para as frentes corretas. Se
encontrar essas condições, a Fifa mantém Curitiba na Copa e programa os
testes de logística e a construção de instalações de infraestrutura de
transmissão e hospitalidade no entorno do estádio. Ao contrário do que
disse Mario Celso Petraglia, não estão descartados evento-teste e jogo
de inauguração. A Fifa só não quer ouvir falar disso enquanto não tiver
segurança de que o estádio estará pronto.
3 - O que já foi feito para manter Curitiba na Copa?
Da reunião de terça-feira saiu um plano emergencial com três pontos:
criação de um comitê gestor da obra, ajuste do cronograma e do fluxo
financeiro e aumento da força de trabalho. O comitê começou a trabalhar
sexta-feira no estádio, com técnicos indicados pela prefeitura, pelo
governo do estado e pelo Atlético. Um dia antes, a Fomento Paraná
depositou na conta da CAP S/A os R$ 39 milhões ainda retidos do
empréstimo. Nos próximos dias, devem entrar os R$ 6,5 milhões que faltam
do BNDES. Na quarta-feira sai um relatório do comitê indicando
prioridades de investimento e de incremento na força de trabalho dentro
da obra. “Estamos levantando tudo, o que tem para pagar, onde precisa
entrar dinheiro, apagar incêndio onde precisa para dar fluxo à obra”,
explica o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro.
4 - Quem perde mais se Curitiba ficar fora da Copa?
Em termos de imagem, o prejuízo – já existente – só aumenta para
todos: Atlético, município, estado, União e Fifa. “Tentaremos esse
fôlego final para que Curitiba não saia da Copa, não tenhamos essa
vergonha nacional”, admitiu Petraglia. Do ponto de vista legal e
financeiro, a Fifa está blindada. A Lei Geral da Copa transfere para a
União a responsabilidade por prejuízos que a entidade internacional
tenha em decorrência da Copa, como os causados pela exclusão de uma sede
com ingressos e pacotes de viagem vendidos. E o contrato de sede
permite à União buscar ressarcimento com estado e município. Essa teia
legal justifica o empenho do governo federal em dar nova chance a
Curitiba.
5 - A Fifa tem onde acomodar os jogos de Curitiba?
Não. E esse é o grande motivo para a Fifa ter dado uma sobrevida a
Curitiba. A tabela foi montada para garantir um intervalo entre dois
jogos no mesmo estádio que dê tempo para ajustes nas arenas e a “troca”
no fluxo de torcedores e jornalistas dos países envolvidos. Apenas o
primeiro jogo, Irã x Nigéria, poderia ser encaixado com tranquilidade em
Natal ou São Paulo. Os outros três ficariam encavalados com partidas já
marcadas ou forçariam mais mudanças. Buscar outro estádio significaria
abrir mão do padrão Fifa.
6 - Como as seleções estão reagindo à indefinição da sede curitibana?
Por enquanto, poucas manifestações. O porta-voz da Federação
Australiana, David Mason, disse estar preocupado com os torcedores que
já compraram ingresso e passagem para o jogo com a Espanha (23/6).
Dirigentes da Real Federação Espanhola têm evitado declarações oficiais.
O técnico Vicente Del Bosque disse confiar na conclusão da Arena e já
avisou que com ou sem jogos na cidade, os campeões mundiais farão sua
preparação no CT do Caju.
7 - O que ainda pode atrapalhar o projeto de Curitiba?
A discussão sobre quem pagará a diferença de R$ 53,6 milhões entre o
orçamento antigo e o atual, de R$ 319 milhões. Município e estado se
fiam na promessa feita em agosto, por Petraglia, de que qualquer conta
extra seria paga pelo Atlético. O dirigente já falou em manter a divisão
tripartite para a conta inteira. Uma divergência que, se virar impasse,
pode interromper o fluxo de dinheiro em um momento em que não há mais
tempo a perder.
Gazeta do Povo - Curitiba
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