Com a Argentina em crise cambial, Brasil tem de
mostrar durante reunião da Celac, em Havana, que tem cacife para não
entrar pelo mesmo caminho; com reservas suficientes para cobrir todos os
seus compromissos externos, país não corre risco de sofrer contágio,
mas especuladores podem aproveitar momento para promover
desestabilização
247 – Por mais solidária que esteja com Cristina
Kirchner e a crise cambial enfrentada neste momento pela Argentina, uma
das missões da presidente Dilma Rousseff em Havana, durante a reunião
da Celac que começa nesta segunda-feira 27, é exatamente a de marcar as
diferenças sobre as situações econômicas dos dois países.
Com o peso em franca desvalorização, o que pode ser agravado por um
possível aumento na taxas de juros dos Estados Unidos, a Argentina está
exposta a ataques especulativos com reservas não muito superiores,
estima-se, a US$ 30 bilhões. O caixa permitiu ao governo local liberar a
compra de US$ 2 mil por cidadão, numa estratégia que pode ser
considerada de pagar para ver até onde vai o assédio à sua moeda. Os
resultados serão observados ao longo dos próximos dias. Na semana
passada, o peso chegou a perder 22% de sua valor frente ao dólar em um
único dia.
No Brasil, o dólar também em alta é mais um teste para a
sustentabilidade da economia. Com indicadores macroeconômicos criticados
por investidores, o País conta, porém, com reservas superior a US$ 300
bilhões, mais que suficientes para cobrir todos os compromissos já
contratados e, ainda, sobrar dólares em caixa. Um estudo da Rosemberg
Consultores Associados mostrou que as reservas equivalem atualmente a
120% das dívidas internacionais.
Chegada de Davos, a presidente Dilma vai circular pelos salões da
reunião dos países latino-americanos e caribenhos com a sensação de
dever cumprido sobre o mercado internacional. Seu discurso seguido de
debate no Fórum Econômico Mundial tranquilizou a comunidade financeira
em relação ao comprometimento do governo federal com o superávit
primário e o combate à inflação. A ausência de divulgação de metas foi
compreendida no contexto exposto pelo ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Ele disse que os números sobre os objetivos oficiais para 2014
serão anunciados em abril.
Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, a Argentina com sua
crise cambial deverá reduzir as compras que costuma fazer no País. Uma
fórmula para evitar uma queda abrupta nos negócios entre os dois países
deve ser ao menos ensaiada, em Havana, nas conversas entre técnicos dos
dois países. Mesmo prestando solidariedade, porém, o Brasil precisa
deixar claro, nas palavras e atitudes da presidente durante a
conferência, que vive uma situação completamente diferente da enfrentada
pelo país vizinho – sob pena de ser respingado pela mesma crise.
Abaixo, notícia da Agência Brasil sobre a reunião da Celac:
Ban Ki-moon chega a Cuba para participar de cúpula da Celac
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, chegou hoje
(27) a Cuba para participar da segunda reunião de cúpula da Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O encontro reunirá
diversos líderes da região para intensificar o diálogo político e a
cooperação entre 33 países. Entre os principais temas a serem abordados
estão o combate à fome, pobreza e desigualdade. O Chile foi a sede do
primeiro encontro da Celac, no ano passado.
Ban Ki-moon, ao chegar à capital cubana, Havana, disse estar
interessado em observar as mudanças que ocorrem na ilha e como a ONU
pode dar apoio. "Estou muito interessado no processo de mudança que está
acontecendo em Cuba e, por isso, tenho muito interesse em conhecer o
que está sendo feito e como as Nações Unidas podem apoiar esse
processo", explicou o secretário-geral, em uma breve declaração no
aeroporto do país.
O secretário-geral falou também do interesse em escutar, durante a
participação no encontro, a opinião dos líderes latino-americanos e
caribenhos em temas como paz e segurança, direitos humanos e
desenvolvimento sustentável. Ele confirmou que se reunirá com o
presidente cubano, Raul Castro, ministros e outras autoridades.
A presidenta Dilma Rousseff chega
nesta segunda-feira a Havana, onde participara da reunião da Celac. Ela
terá um encontro com Raul Castro amanhã (28). Ao lado do presidente,
Dilma participará da inauguração da primeira fase de um porto que teve
o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
* Com informações da Agência Lusa
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário