Jornalista Augusto Nunes avisa que o próximo
entrevistado do Roda Viva será o delegado Romeu Tuma Júnior, autor do
livro "Assassinato de reputações", e diz que não haverá "perguntas
proibidas"; ou seja, a missão será esculhambar o ex-presidente Lula;
antes do livro, Nunes dedicava a Tuminha os piores adjetivos
247 - O
próximo entrevistado do programa Roda Viva, comandado por Augusto
Nunes, será o delegado Romeu Tuma Júnior. Quem avisa é o próprio Nunes,
que transformou seu programa na TV pública em trincheira anti-Lula. Leia
abaixo:
O martelo acaba de ser batido: no
próximo dia 3, primeira segunda-feira de fevereiro, das 22h às 23h30,
Romeu Tuma Junior estará no centro do programa Roda Viva. Delegado da
Polícia Federal, chefe da Secretaria Nacional de Justiça durante o
segundo mandato de Lula, Tuma escreveu, em parceria o jornalista Claudio
Tognolli, o livroAssassinato de Reputações – Um Crime de Estado. Editado pela TopBooks, o cortejo de denúncias de alto teor explosivo já vendeu mais de 50 mil exemplares.
Como sabe quem conhece o programa, no Roda Viva náo existem perguntas proibidas nem respostas incômodas. A entrevista será transmitida ao vivo pela TV Cultura de São Paulo.
Abaixo, texto de Augusto Nunes sobre Tuminha publicado em maio de 2010
Como sabe quem conhece o programa, no Roda Viva náo existem perguntas proibidas nem respostas incômodas. A entrevista será transmitida ao vivo pela TV Cultura de São Paulo.
Abaixo, texto de Augusto Nunes sobre Tuminha publicado em maio de 2010
Neste começo de maio, o Estadão apresentou
ao país, de uma vez só, um delegado que mantém há 30 anos relações
promíscuas com um bandido preso há vários meses, um deputado estadual
que promoveu a assessor parlamentar o chefe da máfia chinesa em São
Paulo, um presidente do Conselho de Combate à Pirataria que compra
produtos contrabandeados, um figurão federal que pressiona policiais
para infiltrar no funcionalismo público o genro reprovado em concurso e
um secretário nacional de Justiça que comete todas as infrações que
cumpre ao ocupante do cargo coibir. São cinco espantos da fauna
brasileira. Todos atendem pelo nome de Romeu Tuma Junior. É muito pecado
para um só pecador.
Entre outras atribuições, cabe à
Secretaria Nacional de Justiça rastrear contas bancárias no exterior,
impedir a evasão de divisas e localizar estrangeiros em situação
irregular. Amparado em provas colhidas pela Polícia Federal, o Estadão informou
que o secretário interferiu em favor de amigos barrados na Alfândega
quando tentavam embarcar com dinheiro escondido e apressou a emissão de
vistos de permanência para imigrantes chineses que entraram
clandestinamente no Brasil. Fora o resto. Conversas telefônicas
grampeadas e mensagens eletrônicas escancaram um vasto acervo de
patifarias, frequentemente praticadas em parceria com Li Kwok Kwen, o
Paulinho Li, um chinês naturalizado brasileiro que comanda em São Paulo a
maior quadrilha de contrabandistas.
O amigo poderoso jura que não sabia
que tinha um amigo bandido. O amigo bandido sempre soube que tinha um
amigo poderoso. Assim que o camburão estacionava na frente do
esconderijo, Paulinho Li exibia o cartão de visitas de funcionário da
Secretaria Nacional de Justiça, sacava o celular do coldre e, na frente
dos policiais encarregados de prendê-lo, berrava pedidos de socorro a
Tuma Junior. Foi o que fez no fim do ano, quando a Polícia Federal
concluiu a operação que acabou tropeçando em Tuma Junior. O truque desta
vez não funcionou. O mafioso aguarda julgamento na cadeia. O delegado
aguarda em liberdade a volta do parceiro.
Eis aí um caso de polícia de bom
tamanho, certo? Errado, corrigiu o suspeito. “É um problema político”,
explicou. É mesmo, hoje está claro. Sabe-se agora que Tuma Junior não
virou secretário nacional de Justiça por ter “uma folha de serviços
prestados ao país”, nem por ser “um delegado muito experimentado na
polícia paulista, na polícia brasileira”, como fantasiou o presidente
Lula na quinta-feira. Virou figurão do Ministério da Justiça por ser
filho do senador Romeu Tuma e, portanto, beneficiário de uma cláusula do
acordo fechado em 2007 entre o parlamentar paulista e o governo. Se o
pai se bandeasse do DEM para o PTB governista, previa esse item do
contrato, o primogênito teria a vida resolvida com o empregão em
Brasília. E assim foi feito.
“É preciso esperar o fim das
investigações”, recitou Lula no fecho da ladainha. O que o presidente
eternamente em campanha eleitoral espera é que o PTB decida se vai
apoiar Dilma Rousseff ou José Serra. Para defender o filho, basta ao
senador defender a aliança entre seu partido e o PT. Não precisa
preocupar-se com investigações. Não existem investigações em curso. As
copiosas evidências e provas materiais reunidas pela Polícia Federal não
pareceram suficientes ao Ministério Público Federal para que Tuma
Junior fosse processado. É assim o Brasil da Era Lula.
As declarações deste fim de semana
avisam que, se depender do presidente, o filho do senador ficará onde
está. Mas é provável que, como Antonio Palocci ou José Dirceu, acabe
afastado da Secretaria Nacional de Justiça. Ainda que todas as outras
acusações fossem improcedentes ─ e não são ─ as ligações mais que
perigosas com o mafioso amigo já bastariam para desqualificá-lo para
qualquer cargo público, além de colocá-lo na alça de mira da Justiça. Se
Tuma Junior permanecer no gabinete que desonrou, o sucessor de Lula
saberá que, desde o primeiro minuto na presidência, estará absorvido
pela tarefa de debelar a necrose moral que devasta o governo.
Brasil 247
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