Se
espremer as propostas do pré-candidato tucano ao Planalto, senador
Aécio Neves (PSDB-MG), só saem promessas. E daquelas que já conhecemos
muito bem – eleitoreiras e feitas para escamotear a total ausência de de
programa e rumos para o país que caracteriza nossa oposição há, pelo
menos, 11 anos, quando ela foi apeada do poder pelo voto do povo que
colocou o PT no governo e este não apenas mostrou, mas efetivamente
implantou um projeto de desenvolvimento no país.
É contra esse projeto que com a ajuda cotidiana da mídia
oligopolizada nas mãos de poucas famílias, a oposição entra na disputa
eleitoral tentando tornar apetecível o candidato do “choque de gestão” e
do neoliberalismo subserviente aos ditames do mercado financeiro
internacional. Como fica claro na entrevista do candidato Aécio Neves na
Folha de S.Paulo hoje.
O “choque de gestão” de Aécio veio ameno na fala. Nesta entrevista,
ele apenas avisa que pretende reduzir os Ministérios (dos atuais 39 para
20 a 22) e não explica direito sobre isso. Claro. Como nunca explicou a
série de demissões provocadas em Minas que levaram ao verdadeiro
desastre. Mas, fiquem atentos: passa por aí a história do Estado mínimo
neoliberal deles, dos tucanos, que nada mais fez nos oito anos da era
FHC (1995-2002), do que desmontar e sucatear a máquina pública que os
governos do PT tiveram de remontar.
Os economistas da Casa das Garças again
Vale lembrar, inclusive, que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF)
desmoralizou a festa dos tucanos nas Geraes nessa história do choque de
gestão: em 2012 (leia aqui), a Corte anulou a contratação de quase 100
mil servidores não concursados feita pelo então governador de Minas,
Aécio Neves, em 2006.
Nesta sua entrevista à Folha, Aécio constrói uma Ilha da Fantasia com
o descompromisso do blá blá blá eleitoreiro. Diz que a inflação vai
ficar sempre na meta dos 4,5% – aproveitando-se, obviamente, da cortina
de fumaça levantada pela mídia durante meses sobre a ameaça da inflação
que se mostrou, ao fim e ao cabo, nada: a inflação se mantém sob
controle sim sr.
Aécio diz ainda que o Banco Central deve ser independente. Essa não
dá para resistir: embora ele não fale, a intenção dos tucanos é colocar o
país novamente sob a batuta do pessoal da Casa das Garças, o ninho, no
Rio, de economistas ortodoxos neoliberais. Sim, o Banco Central
independente, mas os juros – acreditem – será sempre crescentes. E
dá-lha voltas do candidato tucano para disfarçar a catilinária
neoliberal que arrasou o país nos oitos anos de FHC, quando os juros,
chegaram a 25% – em alguns momentos a quase o dobro disso.
Bolsa Família, Mais Médicos, o candidato elogia e vai manter tudo…
Nesta entrevista, duas outras pérolas do tucano não podem ser
desprezadas. Ele brada que vai manter o Bolsa Família, mas escorrega
feio: diz que o Programa foi criação tucana (!), revelando seu total
desconhecimento sobre a dimensão interministerial e as várias facetas do
programa que vão muito além de um bolsa escola (que houve na era deles)
ou de oferta de dinheiro à população mais pobre. Ou seja, 11 anos
depois, ele não aprendeu nada. E, pasmem, pelo visto, deve ser com essa
visão tucana de um Bolsa Família que não mudou (e que eles sempre foram
contra) que Aécio promete transformar o programa em uma política de
Estado.
O senador comete o mesmo equívoco em relação ao programa Mais
Médicos. Diz que que se trata de um plano a curto prazo, mas não só o
defende, como promete salários mais altos para os médicos cubanos. Sem
comentários… Aliás, não se esqueçam da última gafe do senador na área de
saúde: ele saiu com tudo criticando a convocação de rede de rádio-TV
pelo então Ministro da Saúde Alexandre Padilha (convocada de acordo com a
lei), para o governo informar à sociedade sobre a campanha nacional de
vacinação preventiva de HPV. Uma campanha fundamental para milhares de
meninas em nosso país.
Agora, o que mais chama a atenção no discurso – até porque a
entrevista não menciona nada, absolutamente nada, do que aconteceu em
Minas sob Aécio na questão do combate à violência -, são as “propostas”
de Aécio em relação à segurança pública. Pelo visto, sem outro trunfo
nas mãos, é o que vai se constituir em sua bandeira.
Endurecimento na segurança: copiar tolerância de SP com o PCC?
A linha é o mesmo do mesmo em relação aos tucanos em
outros Estados e no plano nacional: , a política do “endurecimento” na
área. Talvez queira levar como o exemplo o “endurecimento” paulista que é
tão duro, mas tão duro, que o PCC-Primeiro Comando da Capital
(organização criminosa que controla os presídios do Estado) fez das
penitênciárias o seu escritório particular.
Mas, voltemos ao Aécio. Ele se diz a favor da redução da maioridade
penal para determinados crimes – aqueles praticados por menores, que
provoquem comoção popular. Em suma, os que saem na mídia. E a aplicação
de penas mais agravadas para o maior que se utiliza do trabalho do menor
em um crime.
O ex-governador mineiro também faz uma proposta inovadora! “Vamos
transformar o Ministério da Justiça em Ministério da Justiça e da
Segurança Pública”. Pomposo, não? O Segurança Pública para marcar que o
país tem uma política de segurança pública, explica ele. Segundo Aécio, o
governo federal é “omisso” na área.
Até unidades da polícia foram assaltadas em Minas
Ficamos apenas com uma dúvida quanto ao conceito de “omissão” do
ex-governador mineiro. Há poucos dias houve o assalto a um depósito da
polícia do Estado de Minas, de onde foram roubadas armas que ficavam em
um carro forte em um barracão com teto de zinco, sem nenhuma
segurança…Isso depois de Aécio ter sido governador por oito anos
(2003-2010) e elegido o sucessor, governador Antônio Anastasia
(2011-2014).
Mas, aí a questão central, mesmo que nada de positivo haja no caso de
um assalto como o ocorrido, é que, chegou a ser noticiado. É que nos
oito anos em que foi governador – e de certa forma a situação é a mesma
até hoje – Aécio Neves cercou praticamente blindou a mídia mineira,
proibida de dr notícias contra ele. Na mídia mineira, só sai o que ele
quer e se algum veículo divulga o que lhe desagrada pode contar que em
seguida tem a publicidade oficial cortada.
Assim cortaram todos os “apagões” deixados pelo governador Aécio em
Minas. E estes não são só na área do funcionalismo público, mas também
na segurança e na saúde públicas e no Judiciário. Neste caso, aliás, um
levantamento indica que boa parte dos 700 municípios de Minas estão sem
juízes. Em 70 comarcas mineiras (cada comarca abrange mais de um
município) os postos de juízes estão vagos.
Sem falar no fato de que Aécio Neves conseguiu a façanha de quebrar
Minas e fazer do Estado o mais endividado. E o que menos recebe
investimentos proporcionalmente. Por isso tudo, ao fim aqui, convidamos a
todos, a ler novamente os artigos, “STF desmoraliza a balela que é o
choque de gestão”, e “Incompetência em Minas Gerais”, publicados aqui
no blog, sobre a Minas deixada por Aécio. Cliquem aqui http://www.zedirceu.com.br/stf-desmoraliza-a-balela-que-e-o-choque-de-gestao/ e http://www.zedirceu.com.br/incompetencia-em-minas-gerais/
Blog do Zé Dirceu
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