Decisão do ministro Teori Zavascki de requisitar
inquérito da Polícia Federal para o STF, com soltura de 12 presos na
Operação Lava Jato, suaviza tensões em Brasília; sob risco de sofrer
abordagem a qualquer momento, empreiteira Camargo Corrêa, defendida pelo
ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, comemora; ordem de liberdade para
ex-diretor Paulo Roberto Costa chegou ao Paraná; mudo dentro da
carceragem da PF, mesmo informando por escrito ter sofrido ameaças, ele
passa a ter menos motivos ainda para contar o que sabe; doleiro Alberto
Youssef, igualmente beneficiado, está na mesma situação; comandada pelo
PMDB e relatada pelo PT, CPI perde força; bom para o governo, coordenado
por presidente do Senado, Renan Calheiros, e ex-ministra Gleisi
Hoffman; oposição chefiada por Aécio Neves desafiada a criar fato novo
247 – Ufa! Um suspiro de alívio percorreu os
principais diretores da empreiteira Camargo Corrêa. Enrolada nas
investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, a empresa estava
às portas de ser tomada, pela segunda vez, pela polícia, à cata de
documentos que estabeleçam uma ligação da companhia com o doleiro
Alberto Youssef.
A decisão do ministro Teori Zavascki, do STF, de requisitar o
inquérito para o Supremo, na prática zerou a Lava Jato. O ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi solto nesta tarde, em
Curitiba, onde estava preso na Superintendência da PF, após alvará
expedido pelo juiz federal Sergio Fernando Moro. Outros 11 presos pela
PF, entre eles Youssef, devem ser soltos nas próximas horas.
Mesmo depois de ter informado, por escrito, em dois bilhetes, que
estava sofrendo pressões dentro da cadeia, Costa se recusou a ser ouvido
por uma comissão mista do Congresso. Igualmente não passou recados para
o lado de fora sobre o que sabe a respeito de contratos suspeitos da
Petrobras. Ele teve suas duas filhas e seus dois genros indiciados pela
PF por tentativa de destruição de documentos. Também essa caso subirá ao
Supremo. Costa, que já não vinha falando nada, agora tem menos motivos
ainda para falar o que sabe.
Igual situação parece ser a do doleiro Alberto Youssef. Preso, ele
não abriu a boca nem houve notícia de que tivesse entrado na situação de
delação premiada. Com inúmeras ligações no Congresso, ele permaneceu em
silêncio. É outro que, em liberdade, não tem por que falar.
Não há prazo para o Supremo, uma vez tendo recebido o inquérito da
Lava Jato, voltar a tocar no assunto. Até lá, é como se a operação
tivesse sido zerada.
Para o governo, que temia os desdobramentos da CPI da Petrobras, a
própria comissão de investigação e as empreiteiras, em especial, a
decisão do ministro Zavascki aliviou o clima. Sob o comando do PMDB e
relatoria do PT, graças a uma série de manobras bem sucedidas feitas
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a CPI já evitara a
convocação de personagens como os próprios Youssef e Costa. Agora
também tem menos motivos para chamá-los.
Nesse novo e surpreendente contexto, provocado porque, como bom
ministro "garantista" que é, Teori Zavascki respeitou a regra de que
parlamentares têm foro privilegiado de julgamento – no caso, André
Vargas e Luiz Argôlo --, quem sai perdendo é a oposição.
Os novos e incertos prazos para a continuidade das investigações
tendem a tirar o ímpeto da oposição. A esta altura, os fatos na agenda
dos presidenciáveis já são outros que aqueles de seis semanas atrás,
quando nasceu a articulação pela CPI. O presidenciável Aécio Neves, que
mais se empenhou pela comissão de inquérito, está desafiado a criar um
fato novo para superar a ducha de água fria – porém legal – dada pelo
ministro Teori sobre o imbróglio.
Brasil 247
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