Autor: Mauro Santayana
(Hoje em Dia) - Técnicos
do Banco Mundial anunciaram, em estudo divulgado na semana passada, que a China
acaba de ultrapassar os EUA em poder paritário de compra, como a maior economia
do mundo.
Os
chineses costumam dizer que “não interessa a que velocidade você caminha, mas
sim, para onde está andando”.
Para o
Brasil, quinto maior país e sétima economia do mundo, a inevitável ascensão
chinesa, agora voltada para ultrapassar os EUA em PIB nominal, e, um dia,
alcançá-lo em tecnologia, defesa, e, com menor desigualdade, em renda, traz
inúmeras lições.
A mais
importante delas é até onde se pode chegar com um projeto de país baseado no
nacionalismo – e não no proverbial entreguismo vigente em nosso país nos
últimos 20 anos.
O Estado
chinês não financia capitais externos, a não ser que a eles se associe
majoritariamente. Ciente da importância de seu mercado interno -
convenientemente fechado por muitos anos - ele não empresta dinheiro público
para que marcas de automóveis estrangeiras se instalem no país. No lugar disso,
compra participação em suas matrizes. E faz isso em todos os setores da
atividade econômica.
Seu bem
sucedido projeto de desenvolvimento está baseado na presença – serena e incontestável
- do estado como proprietário de meios de produção e elemento indutor na
economia, em parceria com capitais locais e o capital estrangeiro, que tem que
se contentar com um papel secundário no processo, a não ser que queira ficar de
fora de um dos maiores mercados do mundo.
Os
chineses sabem que de nada adianta industrializar o país e modernizar a economia,
se os lucros voarem, todos os anos, para o exterior, como as andorinhas.
Afinal, países não são poderosos apenas pelo que produzem, mas também pelo que
consomem. Ao ultrapassar os Estados Unidos como o maior mercado do mundo,
embora ainda não seja o maior importador, a China dá gigantesco passo rumo ao
futuro.
Nos
últimos quatro mil anos, a maior parte do tempo, os chineses estiveram à frente
da maior economia. A diferença é que - fechados dentro de si mesmos - seus
dirigentes encaravam o resto do planeta como bárbaros e sem o refinamento
e a educação de sua cultura. Coo nações interessadas em invadir e
destruir seu império, como o “ocidente” fez tão logo pôde, implacável e
solerte, em defesa, entre outras causas edificantes, do tráfico de drogas pela Coroa
Britânica, que deu origem às Guerras do Ópio.
A
diferença entre o Império do Meio de antes e o Império do Meio de hoje, é que a
Revolução Maoísta abriu a porta para transformar os camponeses em operários, e,
até mesmo, em milionários e empreendedores. Além de que o espaço natural para
seus produtos e negociantes, estava, antes, quase sempre, cercado pelas
sinuosas curvas da Grande Muralha, enquanto, agora, os limites da influência da
Nova China avançam para se transformar, cada vez mais, nos próprios limites do
mundo.
Jornal do Brasil
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