Equipe do marqueteiro João Santana produz peça
publicitária para o PT que, no mínimo, pode ser considerada forte;
personagens que representam famílias prósperas dos meios rural e urbano,
todos da chamada nova classe média, se defrontam com suas próprias
imagens em situações de fome, abandono e desemprego; fica a mensagem,
para o PT, de que no presente estão os momentos felizes, enquanto os
problemas são coisas de um passado "que não pode voltar"; não faltam
personagens crianças e bebês de colo; ao final, locutor frisa: "Não dê
ouvido às falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás"; polêmica
aberta; vídeo
247 – Jornalista, publicitário e marqueteiro do
PT, João Santana parece estar em grande forma. Acaba de entrar no ar
propaganda de um minuto do partido da presidente Dilma Rousseff e do
ex-presidente Lula, com inserções em nível nacional, assinado pela
equipe dele. No mínimo, faz pensar.
Intitulado 'Fantasmas do passado', o vídeo mostra, inicialmente, uma
família do meio rural que avança por uma estrada com o pai dirigindo uma
caminhonete. No percurso, ele cruza com outra família que vem na
direção contrária, a pé, maltrapilha e com ar de profunda infelicidade. O
detalhe que se torna o principal é: as pessoas que passam são as mesmas
pessoas que estão no veículo, como se, no passado, a vida daquela
família, hoje mais próspera, fosse a do pé no chão, expressão derrotada
e, como indicam as circunstância, sem emprego.
Na cena seguinte, uma mulher negra, com um bebê no colo, seu próprio
filho, compra medicamentos numa farmácia. Ao olhar para a rua, porém, a
mulher se enxerga a ela própria, porém descabelada, com o mesmo bebê no
colo, mas como uma pedinte. Enquanto ela própria, agora, indica o filme,
pode comprar remédios, a sua imagem que está do lado de fora sugere que
mal tem dinheiro para comer.
Num terceiro momento, um senhora pega seu filho pré-adolescente na
escola. Ambos entram em um carro mas, ao pararem num sinal de trânsito,
agora é o mesmo menino que está dentro do carro que aparece, do lado de
fora, se oferecendo para lavar o vidro do automóvel. A mensagem é: o
estudante de uniforme de hoje foi o menino largado numa grande cidade de
antes.
O texto, lido a partir da metade do vídeo de um minuto de duração, reforça, com todas as letras, a mensagem visual.
- Quando a gente dá um passo para a frente na vida, precisa saber
preservar o que conquistou. Não podemos deixar que os fantasmas do
passado voltem e levem tudo o que conseguimos com muito esforço. Nosso
emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem, diz a
narração.
E, com ênfase final, fica a recomendação do locutor ao espectador:
- Não dê ouvidos às falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás.
A assinatura se dá numa cena de chuva, outra vez num ambiente urbano,
na qual um homem de gravata, demonstrando ter emprego, cruza com outro,
novamente sua própria imagem – como um fantasma --, mas com as roupas
puídas e um jornal amassado debaixo do braço, no retrato típico de quem
está procurando trabalho – e não consegue.
Com a estrela do PT na parte alta inferior do vídeo, lê-se a frase final fixada na parte superior:
- Não podemos voltar atrás.
Tipos esteriotipados? Exageros comparativos? Realidade distorcida?
Todas essas perguntas podem ser respondidas com um sim por quem
assistir ao vídeo do PT criado por Santana. Mas também é possível
aquiescer que é a peça é emocionante.
O resultado prático das inserções poderá ser medido nas próximas pesquisas eleitorais. Até lá, fica a polêmica.
Assista:
Brasil 247
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