publicado em 17 de janeiro de 2014 às 23:20
Resposta à afirmação do banco à Justiça de que o livro foi feito para “constranger” Judiciário
Caros leitores,
Abaixo reproduzo trecho da petição protocolada na última quarta-feira
na Justiça Federal de SP por Dório Ferman, presidente do banco
Opportunity, para exigir da 6ª Vara Federal que investigue o que ele
chamou de “práticas criminosas” relacionadas ao livro “Operação
Banqueiro”.
Ele sugere, por meio de seus advogados, que o livro que escrevi faz
parte de um plano maquiavélico dos “opositores” do banco para
supostamente “constranger os membros do Poder Judiciário em suas
decisões”. A intenção seria “proteger” alguns personagens da história,
citando casos que tramitem no STF sobre a conduta do delegado Protógenes
Queiroz.
Segundo Ferman, há vazamentos “em momentos próximos a julgamentos
relevantes”. Mais adiante, a peça afirma que “seus opositores” atuam
“sob o pretenso manto do jornalismo”.
Essas palavras vazias, que não vêm acompanhada da mais tênue prova,
pretendem criminalizar o autor e a Geração Editorial como parte de um
plano ligado a “opositores” do banco.
Em posts anteriores, já abordei uma estratégia comum do banco em suas
infinitas disputas judiciais, que é a de levantar uma teoria
conspiratória que provoca confusas interpretações no Judiciário e na
opinião pública.
A alegação do banco mais uma vez não resiste a uma simples
confrontação com os fatos. Desconheço qualquer “julgamento relevante”
que esteja “próximo” de ocorrer.
Mas quando houve de fato um julgamento relevante sobre a Operação
Satiagraha em 2011, quando o STJ julgou a legalidade da operação, não
houve livro algum no mercado.
Parece-me que, ao acusar um jornalista e uma editora de querer
influir nas decisões do Judiciário, o banco pretende medir as pessoas e
empresas pela sua própria régua.
O Opportunity tem pleno conhecimento de que trabalho nesse livro
desde, pelo menos, o início do ano de 2010, entre janeiro e fevereiro,
época em que solicitei formalmente uma entrevista com Daniel Dantas para
o livro, jamais concedida, e troquei inúmeras mensagens eletrônicas com
sua assessoria, além de dois encontros pessoais.
Naquela época, não havia processo algum tramitando no Supremo contra o
delegado Protógenes Queiroz, pois ele sequer tinha sido eleito deputado
federal e, portanto, não detinha foro privilegiado.
Na mesma petição, o banco diz em nota de rodapé que fiz uma “descrição heroica” do delegado em meu livro.
Respeito a leitura que o banco faz, mas quem leu o livro com atenção
pode constatar que há várias críticas à atuação do delegado.
Também há a reprodução de várias críticas que seus superiores na
Polícia Federal faziam ao delegado. Em entrevista à revista
“CartaCapital”, eu declarei que o delegado “mais acertou do que errou”,
mas o livro não esconde essas falhas.
A discussão sobre o conteúdo do livro é inteiramente aceitável e
obviamente respeito as interpretações que divirjam da minha. Claro que
ninguém é imune a erros e desde já peço desculpas por eventuais
deslizes, passíveis de ocorrer numa obra de mais de 400 páginas e
inúmeros personagens. O que não posso admitir, e sobre isso reagirei
sempre e sempre, é a tentativa de desqualificar um jornalista e um livro
com falsas alegações, ainda mais quando apresentadas ao Poder
Judiciário.
Obrigado – Rubens Valente
Viomundo
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