quinta-feira, 17 de abril de 2014

Descoberto primeiro planeta "igual" à Terra na constelação de Cisne



Jornal GGN – A Agência Espacial Norte-americana (NASA) anunciou, nesta quarta-feira (17), a descoberta do primeiro exoplaneta do tamanho da Terra, orbitando dentro da chamada zona habitável de uma estrela e que pode conter água em estado líquido em sua superfície. A descoberta foi confirmada por observações de dois observatórios diferentes, o WM Keck e Gemini. A descoberta inicial havia sido feita pelo telescópio espacial Kepler, da própria NASA, e por outros telescópios em terra. Há outros quatro planetas orbitando a estrela em questão.

Não se trata do primeiro exoplaneta descoberto, nem mesmo orbitando na zona habitável de uma estrela – área onde a quantidade de luz e radiação recebida é ideal para o surgimento da vida –, mas, de acordo com a agência espacial, é o primeiro caso em que o corpo celeste tem o mesmo tamanho da Terra e com alta probabilidade de possuir água em estado líquido por sua localização em relação ao astro.
“O que torna esta descoberta particularmente interessante é que este planeta, do tamanho da Terra, um dos cinco orbitando esta estrela que é mais fria do que o Sol, reside em uma região de clima temperado, onde a água poderia existir na forma líquida”, afirma Elisa Quintana, do Instituto SETI e da NASA, que liderou o estudo publicado na edição atual da revista Science.

Steve Howell, cientista do projeto Kepler e coautor do artigo, acrescenta que nem Kepler (nem qualquer outro telescópio) é atualmente capaz de detectar diretamente um exoplaneta deste tamanho e a proximidade da sua estrela hospedeira. “No entanto, o que podemos fazer é eliminar essencialmente todas as outras possibilidades para que a validade desses planetas seja realmente a única opção viável”.


Concepção artística compara a Terra com o novo planeta descoberto.

Técnica de eliminação

A equipe empregou uma técnica que eliminou a possibilidade de que uma estrela de fundo ou uma outra estrela companheira pudesse estar confundindo as observações do telescópio espacial Kepler. Para isso, a equipe obteve observações de resolução espacial extremamente altas do oito metros do telescópio Gemini, no Havaí, usando uma técnica chamada de “imagens de manchas”, e outra conhecida como ótica adaptativa (AO). Também foram usados dados de observações de dez metros do telescópio Keck II, vizinho de Gemini.

Juntos, os dados permitiram que a equipe descartasse fontes próximas o suficiente da linha de observação da estrela, minimizando as chances de confundir a evidência detectada por Kepler. E, assim, concluir que o sinal detectado pelo telescópio fosse de um pequeno planeta em trânsito de sua estrela hospedeira. “Os dados de Keck e Gemini são duas peça -chave deste quebra-cabeça”, diz Quintana. “Sem essas observações complementares, não teríamos sido capazes de confirmar este planeta do tamanho da Terra”.

Por meio do telescópio Gemini, foi possível visualizar a interferência das ondas eletromagnéticas dispersas – efeito conhecido como “speckle” – dos dados visualizados diretamente do sistema onde está o planeta, em uma distância de sua estrela similar ao de Júpiter ao nosso Sol. Isso permitiu confirmar que não havia outros objetos de tamanho estelar que orbitam dentro do raio da estrela.

“Próximo”

"Estes planetas do tamanho da Terra são extremamente difíceis de detectar e confirmar, e agora que nós encontramos um, queremos procurar mais. Gemini e Keck, sem dúvida, desempenham um grande papel nestes esforços”, afirma Quintana. A estrela hospedeira, Kepler-186, é uma estrela-anã M1, e está relativamente próxima do nosso sistema solar, a cerca de 500 anos-luz, na constelação de Cisne.

A estrela é muito fraca, sendo mais de meio milhão de vezes mais fraca do que as estrelas mais fracas que podemos ver a olho nu. Cinco pequenos planetas foram encontrados orbitando a estrela, sendo quatro deles em órbitas de período curto, já que estão perto demais da estrela e, portanto, são muito quentes. Já o planeta encontrado, o Kepler- 186F, é do tamanho da Terra e orbita dentro da zona habitável da estrela.

“As observações de Keck e Gemini, combinadas com outros dados e cálculos numéricos, nos permitiram estar 99,98% confiantes de que Kepler-186F é real”, afirma Thomas Barclay, cientista envolvido no projeto Kepler e outro coautor da pesquisa. “Kepler começou esta história, e Gemini e Keck ajudaram a fechá-la”, acrescenta.

A evidência de Kepler para este sistema planetário vei da detecção de trânsitos planetários, que geram pequenos eclipses da estrela hospedeira quando vistos da Terra. Quando tais planetas bloqueiam parte da luz da estrela, seu brilho total diminui. Kepler detecta uma mínima variação na produção total de luz da estrela. Até agora, mais de 3,8 mil possíveis planetas foram detectados pelo telescópio espacial Kepler por meio desta técnica.

Com informações do Phys.org e NASA.


Blog do Luis Nassif

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