Mas.
Mesmo sabendo o tipo de jornalismo que a Cultura faz, me chamou a atenção uma reportagem que vi, no acaso de uma zapeada, sobre a Petrobras.
Não era jornalismo. Era política. E política rasteira, manipuladora.
Quem edita?
Pobres espectadores. E o embuste feito com dinheiro público, do contribuinte paulista, o que doi ainda mais.
Já foi absolutamente demonstrado que Pasadena não custou 1 bilhão de dólares para a Petrobras, e nem 42 milhões de dólares para o comprador anterior, a Astra.
Você pode ter muitas dúvidas sobre o negócio, mas estes números que foram tão desonestamente lançados à sociedade já foram triturados pelos fatos.
Mas não foram abandonados pela Cultura, que continua a usá-los sem a menor cerimônia.
Uma entrevista de Gabrielli também foi usada indecentemente.
Gabrielli disse ao Estadão que o negócio foi bom e correto. Numa frase tirada do contexto, afirmou que Dilma tinha que assumir a responsabilidade pelo sua parte no negócio, assim como ele próprio.
Pronto.
Todas as explicações de Gabrielli sobre a compra foram esquecidas e o foco foi inteiramente para a frase em que ele cita Dilma. O embuste começou no próprio Estadão e continuou no Jornal da Cultura.
Gabrielli deve ter aprendido, pelo caminho duro, que não pode dar entrevista para quem quer usá-lo como escada. O controle do conteúdo está no editor, que depois manobra o texto da forma que quer. Lula e Dilma já aprenderam isso, e é assim que se explica seu silêncio em relação à mídia corporativa.
O ponto central da Cultura é aquele que você pode imaginar: o PT acabou com a Petrobras e uma CPI é imprescindível. Com todos os problemas que possam existir, o fato é que em 2003 a Petrobras valia 15 bilhões de dólares e hoje vale 180 bilhões. Já valeu mais, antes principalmente que o governo segurasse o preço da gasolina. Mas na matemática da mídia a conta, naturalmente, jamais começa nos 15 bilhões de 2003.
Tive a oportunidade de rever, por alguns minutos, o professor Villa, que tem uma sinecura no jornalismo da Cultura.
Um bom comentarista joga luz onde existe sombra. Villa faz o oposto. Joga sombra onde existe luz.
Não há nada que Gabrielli, ou quem for, possa dizer que vá fazer Villa enxergar o caso Petrobras de uma forma objetiva e não política.
Faz sentido gastar dinheiro gasto na Cultura se as pessoas que a fazem produzem este tipo de conteúdo?
Não.
Jornalismo é uma coisa. Propaganda política é outra.
A Cultura faz a segunda fingindo fazer o primeiro.
A vítima é o contribuinte, que banca, e o espectador, que ouve mentiras que depois vai repetir por aí, num processo de multiplicação da ignorância e da mistificação.
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