Ministro Marco Aurélio Mello, do STF, devolve
forte avaliação de ex-presidente Lula sobre julgamento do chamado
mensalão ter sido "80% político e 20% jurídico"; "Não sei como ele
tarifou, como fez a medição", respondeu o juiz; "Que aparelho permite
isso? É um troço de doido", desfechou; Mello lembrou que, no
encerramento da AP 470, apenas três ministros da corte não eram nomeados
por Lula; "A nomeação é técnica-política e se mostrou institucional",
definiu, na prática concordando com o ex-presidente; a discussão, assim,
é mesmo de dosimetria; em quantos por cento, afinal, a política pesou
sobre a técnica no julgamento do mensalão? Lula exagerou na conta ou
acertou na mosca?
247 – O ministro Marco Aurélio Mello tornou-se o
primeiro ministro do STF a rebater afirmação feita pelo ex-presidente
Lula, à imprensa de Portugal, seguno a qual o julgamento da AP 470, o
chamado mensalão, foi "80 por cento político e 20 por cento jurídico".
Outros integrantes do Supremo devem, ao longo do dia, comentar a frase,
mas Marco Aurélio usou uma expressão desclassificatória:
- Não sei como ele tarifou, como fez essa medição, disse o juiz sobre
a avaliação de Lula. "Qual aparelho permite isso? É um troço de doido".
Mello, porém, concordou com o ex-presidente quanto haver, sim, uma
influência de coloração política nos julgamentos do Supremo, inclusive –
ou, para muitos, como Lula, especialmente – na AP 470:
- Na dosimetria (tamanho das penas) pode até se discutir alguma coisa
(a respeito do percentual político nas deciões), agora, na
culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo Estado acusador", ",
definiu.
O ministro admitiu que, pela natureza do cargo, que tem nomeação
feita diretamente pelo presidente da República, um juiz do Supremo
carrega um peso político sobre a toga:
- No julgamento eram só três ministros não indicados por ele. A
nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu
sempre digo, não se agradece com a toga, frisou, demarcar o aspecto da
independência dele e de seus pares.
Lula afirmou à imprensa portuguesa que o clima instalado pela mídia
tradicional durante o julgamento do chamado mensalão era pela destruição
do PT - e que esse clima acabou por influenciar o julgamento do
Supremo.
Brasil 247
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